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domingo, 30 de setembro de 2012

George Sluizer revela: Toda a história por trás de 'Dark Blood'/2012 [Parte 2]

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PARTE 2


BiosAgenda: O material lhe trouxe muitas lembranças quando você o viu novamente depois de todo esse tempo?

GS: Sim, sim, mas muitas vezes você tem lembranças que não são ruins envolvidas no processo criativo. Eu tenho lembranças boas e difíceis, mas ali, em última análise, o filme nada tem a ver com isso. O material obriga você a falar porque ele vale a pena.


BiosAgenda: O que ainda precisava ser feito?

GS: Havia muita coisa a ser criada, como o som. Tínhamos ruídos sincronicamente gravados durante o percurso, mas o material original
do filme estava desatualizado, pulverizado. Levou meses de trabalho para construir algo novo tendo como base as fitas originais. Nós também tínhamos perdido várias fitas de áudio, que eno decorrer das complicações para encontrar um lugar para armazená-las. É ainda havia mais sete centenas de quilos de equipamentos, um caminhão cheio.


BiosAgenda: Como você se lembra de River Phoenix?

GS: Ele foi minha primeira escolha para o papel principal, mas sua agente não me conhecia. Ela não queria dar o script para ele, por isso então tentamos que Johnny Depp entrasse. Ele queria, em princípio, mas ele não leu o roteiro. Ele sempre dizia que iria lê-lo no fim de semana, mas isso não aconteceu. Isso durou mais alguns meses. Por coincidência, um filme que eu havia feito com o ator Armin Müller Stahl, chamado Utz, saiu na América. A agente de River viu o filme e então ela aceitou que o roteiro de Dark Blood fosse dado a River. Ele o leu quase que imediatamente e queria me conhecer.  No dia seguinte , eu estava com ele à mesa, por assim dizer. Então fizemos contato regularmente. Ele veio me visitar muitas vezes no meu hotel, com seu violão, ele havia escrito uma canção para mim. Ele era muito gentil. Eu sabia que ele já tinha usado drogas, mas o mesmo acontece com todos os atores. Eu não conheço nenhum ator de Hollywood que não use uma droga, seja ácool ou não. Isso é de conhecimento geral, então eu não estava muito preocupado.  

Antes que pudéssemos iniciar os trabalhos, eu tinha no meu contrato uma exigência de que me fosse permitido ter cinco dias a sós com ele em Utah, para que pudéssemos conversar e caminhar ao ar fresco das montanhas. Na esperança de que isso teria um efeito sobre sua mentalidade. Eu nunca disse a ele o que ele devia e não devia fazer. Eu também vi pouco se ele estava ou não estava usando. Durante as sete semanas a idéia de drogas nem sequer passou em minha cabeça.





BiosAgenda: Você era como um pai para ele?

GS: River não tinha homens muito mais velhos em torno dele. Ele tinha amigos de sua idade. Ele era extremamente correto para com as pessoas mais velhas. Durante nossa primeira reunião, eu tive uma dor de cabeça terrível e disse a ele. Ele se levantou e correu para uma farmácia para pegar aspirina. Ele nem sequer pediu ao atendente, ele era muito correto. Eu era, em certo sentido, uma espécie de figura paterna, porque o contato era também muito próximo entre nós.


BiosAgenda: Você vê alguma semelhança com seu irmão Joaquin?

GS: Eu quase não vejo qualquer comparação. Ambos são muito talentosos, mas se expressam de forma diferente. Eu só vi Joaquin
uma vez, aliás, quando ele tinha 16 anos de idade. Após Gladiador, às vezes eu leio algo sobre ele, parece que ele se comporta mal. Coisas como destruir um hotel, beber demais, coisas assim. Eu nunca vi River passar por isso.


BiosAgenda: Como você se lembra da notícia de sua morte?

GS: Eu fui chamado à noite, por volta das quatro horas, por sua agente. Eu dormia, então a notícia não ficou registrada em mim. Eu pensei que tinha sido um ´pesadelo ou algo assim. Nós nos vimos ainda naquela noite. Voltei do estúdio, ele simplesmente saiu com os amigos para o Viper Room, o clube de Johnny Depp. Ele estava animado porque no dia seguinte ele iria se encontrar com Terry Gilliam. River era um grande fã do [filme] Brazil.
 


BiosAgenda: O filme foi concluído usando a iniciativa Crowdsource do CineCrowd, o que você pode dizer sobre isso?

GS: Eu tenho uma pequena retificação, embora esse projeto tenha ajudado. Nós tentamos obter 15.000 euros no prazo de dois meses para entrar através do CineCrowd e isso nós temos alcançado. Há também projetos que aumentam a barra em dois mil e chegam nem perto disso. Neste sentido, ele foi muito bem sucedido, mas esse montante é para os amendoins considerando o total do nosso orçamento de produção. O acabamento custou 360.000 euros. Quinze mil é bom, mas na verdade é a cerveja depois da estréia, por assim dizer. a digitalização do material já levou 50.000 euros. E a edição de som levou cerca de 25.000. 


BiosAgenda: Dark Blood é uma homenagem a River?

GS: Eu gostaria de reverter isso. Rver é uma homenagem ao filme. O filme é o número um, os atores estão a serviço da história. Eu sou essencialmente um cineasta, não necessariamente um admirador de estrelas. Eu os uso algumas vezes, mas para mim são atores. 


BiosAgenda: Será que o filme sairá no cinema algum dia?

GS: Meu objetivo era terminar o filme. A fase dois, o lançamento, era secundário para mim. Minha preocupação era que o filme fosse feito. Dada a situação, eu posso dizer com toda a honestidade que eu não sei o que vai acontecer amanhã. Bem, eu tenho um monte de cartas de fãs de River de todo o mundo. Tantas pessoas ainda se lembram dele ... isso me surpreende um pouco. Eu gostaria de ter
a oportunidade  de mostrar o filme a essas pessoas. 


Fonte: Bios Agenda, em 27 de setembro de 2012   

5 comentários:

  1. Ahhh cada dia tem uma historinha mais doce que outra do River!! Muito gentil da parte dele ir comprar remédio para o George! E Femme, me explica direito essa história do Joaquin de se comportar mal. Eu não sabia que ele tinha esses momentos rebeldes...

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    1. Anônimo,

      Acho que o George Sluizer está confundindo Joaquin como o personagem "Joaquin Phoenix" que ele interpretou no documentário "I'm still here". Mas aquilo era pura encenação, e talvez o Sluizer não tenha ficado sabendo disso. Na realidade, apesar de Joaquin beber e fumar bastante, ele nunca foi notícia por destruir hotéis ou arrumar confusão.

      Quanto ao River, ele era mesmo um doce, né? Sempre cheio de cuidados e atenções com os mais velhos, cuidando dobem estar de todos à sua volta.

      Mas fiquei com a impressão que o Sluizer ficou meio ressentido com a posição da família de River, e por isso este final, em que desfaz o que afirmou antes (sobre o fime ser uma homenagem a River) e até soa meio cáustico quando diz não ser "admirador de estrelas". Acho que ele ficou magoado de ter sido acusado de usar River para ter sucesso, hoje.

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    2. Femme, unica coisa que achei do filme foi esse comentario:

      MikeGee

      29 September 2012 8:32PM

      I was fortunate enough to be invited by George Sluizer, to the screening in Utrecht last Thursday night. An extraordinary film on so many levels.
      The missing scenes were filled in by Freeze-frames with George Sluizer doing a V.O. giving details of the missing action. Obviously not as good as actually seeing the action; BUT IT WORKED. George Sluizer and the film were both given a standing ovation.

      http://www.guardian.co.uk/film/2012/sep/27/river-phoenix-dark-blood-last-film

      n sei se procede, mas ao menos tirou um pouco a ansiedade ehehe

      bjos!

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    3. Maria,

      Eu tinha lido a matéria, mas não tinha ido este comentário, especificamente. Que bom saber que que o filme foi aplaudido de pé! :)

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    4. Esse era River em essência, atencioso, doce, tinha lá seus defeitos, como qualquer um, mas o que se sobressaia eram, sem dúvida, suas qualidades de grande ser humano.
      Quanto a Joaquin, o que sei de verdadeiro é que ele realmente tem problemas com bebidas e chegou a se internar numa clínica de desintoxixação, mas mau comportamento nunca ouvi falar não. Sei é que é um super ator, tá no sangue, né.

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