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quarta-feira, 31 de outubro de 2012

"Mas eu sempre pensei que eu veria você novamente, River..."

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Há 19 anos atrás, River Phoenix partiu para nunca mais voltar. Irreversível, irrevogável, inegociável. Mas eu ainda me pego esperando por ele, numa tela de  cinema, numa revista, num jornal... acho que nunca poderei dizer adeus. Com vocês, o peso de um passado...




Fogo e Chuva

 

 By James Taylor,


Na manhã de ontem me deixaram saber que você se foi
[River], os planos que eles fizeram deram um fim em você
Eu andei por aí de manhã e escrevi essa canção
Só não consigo me lembrar pra quem eu enviaria

Eu tenho visto fogo e chuva
Tenho visto dias ensolarados que eu pensei que nunca acabariam
Tenho passado horas solitário quando não consigo encontrar um amigo
Mas eu sempre pensei que eu veria você novamente

Você não olharia por mim, Jesus
Você tem que me ajudar a suportar
Você tinha que me ver outro dia
Meu corpo esta dolorido e meu tempo esta em suas mãos
E eu não farei isso mais

Oh, eu tenho visto fogo e chuva
Tenho visto dias ensolarados que eu pensei que nunca acabariam
Tenho passado horas solitário quando não consigo encontrar um amigo
Mas eu sempre pensei que eu veria você novamente

Tenho andado pensando por um bom tempo
Meus arrependimentos tem batido de frente ao sol
Deus sabe, quando o vento frio soprar
Isso te fará pensar
Bem, as horas ao telefone
Pra falar sobre coisas que virão
Doces sonhos e máquinas voadoras em pedaços no chão

Oh, eu tenho visto fogo e chuva
Tenho visto dias ensolarados que eu pensei que nunca acabariam
Tenho passado horas solitário quando não consigo encontrar um amigo
Mas eu sempre pensei que eu te veria, querido, mais uma vez agora
Pensei que eu veria você mais uma vez
Há poucas coisas em meu caminho ultimamente, agora
Pensei que eu veria você, pensei que eu veria você
Fogo e chuva


quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Entrevista com Peter Bogdanovich sobre River Phoenix/2012

 


Por Nicki Richesin,


Se a Geração X teve um herói, este foi River Phoenix. Em cada performance vulnerável, ele parecia incorporar os pensamentos e preocupações de uma geração inteira. Em 27 de setembro, Dark Blood o último filme em que Phoenix apareceu , mas nunca concluíu, vai estrear no Festival de Cinema da Holanda, em Utrecht. Quase 19 anos depois de sua morte, o diretor holandês George Sluizer irá desvendar o último filme de Phoenix.

Eu encontrei Phoenix uma vez em turnê com sua banda Aleka's Attic em um clube num metrô abandonado em Knoxville, Tennessee. Durante uma passagem de som antes do show, a multidão entoava: "River! River!" Notei um moleque desalinhado, um leve musgo espanhol cobrindo seu rosto. Quando ele olhou para mim envergonhado, ele disse: "Eles não têm nenhuma idéia de que sou eu." Então eu me dei conta de que o garoto para quem eles estavam gritando (River! River!) estava em pé ao meu lado. Fiquei tão chocada que mal conseguia falar, mas naqueles poucos momentos vislumbrei uma pessoa reservada oculta, um jovem que desejava o anonimato, mas se sentia obrigado a se apresentar para o seu público admirador, exatamente como ele teve que fazer quando era criança nas ruas de Caracas, Venezuela.

Irmão mais novo de Phoenix, Joaquin também criou I'm Still Here, um olhar perturbador de como a fama distorce a identidade de uma pessoa. Em muitas representações luminosas de River Phoenix de jovens homens, muitas vezes com problemas - o que deixou uma impressão marcante foi The Thing Called Love. Com seu último filme que estrelou e concluíu, Phoenix roubou a cena como um homem doce e jovem chamado James Wright tentando tornar-se um cantor de música country em Nashville. Falei com o diretor Peter Bogdanovich sobre a produção de seu filme e  e os últimos dias horríveis após a morte de Phoenix.



   Peter e River no set de filmagens de The Thing Called Love


Nicki Richesin: Em 1993, você dirigiu um filme incrivelmente encantador The Thing Called Love com River Phoenix as estrelas então relativamente desconhecidas Sandra Bullock e Dermot Mulroney. Você lançou River Phoenix como um garoto rebelde, uma espécie de bad-boy-tentando-o-bom--retorno em James Wright. O que inicialmente o atraiu para River como protagonista e como você o encontrou trabalhando com ele em seu filme?

Peter Bogdanovich: Quando estávamos preparando o filme, nós pensamos que ele era um nome grande demais e que ele não estaria interessado já que isso é essencialmente escrito a partir do ponto de vista de mulheres. River queria cantar em um filme e isso lhe daria a chance de cantar. Quando falamos ao telefone, eu disse: "Eu tenho apenas uma pergunta para você. Você nunca jinterpretou um personagem com essa margem para ele. Como você faria isso? "E ele disse, "Silêncio." Eu pensei que esta era uma resposta tão brilhante.


NR: Há uma cena marcante no filme, quando James vê Miranda Presley (interpretada cativantemente por Samantha Mathis) se apresenta no famoso bar Bluebird de Nashville. Ele diz: "Isso foi tão comovente" e isso meio que parte seu coração, ouvi-lo proferir esta frase. Ele é orgulhoso e vulnerável e apaixonado, mas há essa determinação triste no rumo dele. Esta fala foi improsivada ou você orientou Phoenix para revelar tudo isso naquele momento?

PBEssa foi uma improvisação. Samantha Mathis rompeu com John Leguizamo, depois de trabalhar com  River. Eles eram muito apaixonados. Eles se apaixonaram quando eles se beijaram na traseira do caminhão.


NR:  Por que foi importante para você dirigir este filme sobre um amor jovem condenado e numa espécie de reviravolta sobre o tema: uma garota da cidade grande que vai para uma pequena cidade para tentar se tornar algo?

PB:  Eu gosto de música country e pessoas jovens. Eu gostei do enredo básico e pensei que era uma boa história de quatro garotos que tentam fazer isso. Eu fui atraído para a idéia.



NR:  Como você acha que River alcançava tal intensidade na tela?


PB:  Ele realmente entrava nisso. Eu não encontrei com ele até que ele foi para o papel. No momento em que ele veio para a Califórnia, ele estava no papel. Eu pensei que ele estava um pouco nervoso, um pouco difícil. Eu não conheci o verdadeiro River Phoenix até depois das filmagens. Eu descobri que ele era mais como Huck Finn. Ele era adorável e uma grande ajuda na filmagem. Ele tinha o que Hemingway chamou de "um detector de merda embutido". Tivemos dois roteirstas para o roteiro e ele iria reclamar se ele não gostasse das falas, mas ele era glorioso para se trabalhar.
 

NR: Como você se sentiu quando descobriu que ele tinha morrido?


PB:  Ele foi correto durante as filmagens. Eu tinha um encontro com ele em 01 de novembro, um dia depois que ele morreu. Quando falei com ele algumas semanas antes, ele disse que ele estava limpo e estava limpo há 3 ou 4 meses. Fiquei devastado com sua morte. Nós tínhamos acabado participar do Festival de Cinema de Viena e isso foi apresentado com grande sucesso. Saímos de Portofino por alguns dias e no vôo de volta para Los Angeles, eu estava conversando com um amigo, o roteirista Robert Towne. Ele estava delirando sobre Johnny Depp e eu estava delirando sobre River Phoenix. Quando pousamos, Bob me disse que não tinha certeza, mas ele tinha acabado de ouvir que River tinha morrido. Minha assistente me encontrou no aeroporto para me dizer. Eu senti como se tivesse sido atingido na cabeça. No dia seguinte, fui até a casa dele e Joaquin chorou nos meus braços. 


NR: O que você acha que será o legado de River Phoenix?

PB: Ele era um ator brilhante. Um ator muito talentoso e um doce de pessoa. Eu acho que um  jogo indecente estava em ação no seu último dia. Alguém passou cocaína ou heroína não diluída para ele. Algo letal. Eles decidiram não prestar queixa disso. Ele não fez muitos filmes e por isso ele não teve a chance de viver o seu potencial. Tony Curtis disse: "É impossível calcular o nível de inveja em Hollywood." Eu acho que a inveja matou
ele.

 

Fonte: Huffington Post, em setembro de 2012

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Diretores falam sobre River Phoenix [Parte 1]

                         
             River e Peter Weir nas locações de "A Costa do Mosquito"


Phil Alden Robinson, diretor de "Sneakers" (1992):

"Ele era extremamente talentoso. Ele se importava profundamente com seu ofício. Ele gostava de arriscar. Ele gostava de cavar mais fundo e... exigir mais. Ele era um ator extraordinariamente sincero."

"Ele conseguiu fazer algo muito incomum para um ator. Ele podia retratar uma grande sensibilidade e muita vulnerabilidade e ainda continuar emocionante de assistir. Não havia nada de mole nele quando ele fazia isso. Isso surgia da força. Isso é uma grande tragédia." (The New York Times, 1993)


Peter Weir, diretor de "A Costa do Mosquito" (1986):

simplesmente a expectativa de que iria trabalhar com ele novamente. Recentemente eu pensei em um próximo projeto: 'Oh,.... não, não há River.' É a sua singularidade que se foi. Acho que foi Billy Wilder que disse, quando morreu o (diretor) Ernst Lubitsch, "Ow, não há mais filmes de Ernst Lubitsch." Eles eram exatamente seus filmes. Agora não há mais personagens de River Phoenix." (Première, 1994)


Rob Reiner, diretor de "Conta Comigo" (1986):

"É tão triste. Toda vez que vejo a cena quando ele desaparece no final do filme, é de arrepiar.

"Eu nunca pensei que River ia ser a pessoa que teria dificuldades - ele era um bom garoto e ele era tão talentoso. Ele teria sido [como] Johnny Depp ou Leonardo DiCaprio Foi uma perda tão trágica..." (Digital Spy, 2011)


Peter Bognadovich, diretor de "The Thing Called Love" (1993):
  
"A sua agente ligou para o estúdio e disse, 'River Phoenix está muito interessado em fazer este filme.' Neste momento o estúdio me ligou - eu estava em Nova York - e disse: 'O que você pensa sobre River Phoenix?'  E eu disse: 'Jesus, ele seria ótimo. Ele é um ator maravilhoso. Ele pode fazer qualquer coisa." (The Standard-Examiner, 1993)

"Eu o amava muito. Ele tinha um talento maravilhoso." (The Financial Times, 2002)

"Eu estou muito feliz que River tenha pedido para estar no filme, e que fizemos o filme. Foi o último filme ele completou antes de sua trágica, e na minha opinião, morte acidental. Isso foi um golpe absolutamente terrível, sua morte. E uma perda terrível, porque ele tinha muito potencial e por isso muito futuro e este filme, eu acho, mostra que tipo de protagonista fascinante ele teria sido, porque este é realmente o seu primeiro papel maduro. E essa foi uma tragédia terrível." (No DVD"The Thing Called Love - A Look Back")


             River e Sidney Lumet no set de "O Peso de Um Passado"


Sidney Lumet, diretor de "O Peso de Um Passado" (1988):

Peter Bognadovich entrevista Sidney Lumet
:

Como você conviveu com River Phoenix em Running on Empty?

"Eu o adorava. Foi simplesmente alguns meses extraordinários
trabalhando com ele. Naomi Foner, que eu acho que é realmente uma roteirista ótima, maravilhosa, tinha escrito uma cena realmente falsa no filme: o personagem de River senta-se ao piano na casa da menina e começa a tocar uma pequena sonata de Beethoven, em seguida, ele se torna consciente dela atrás dele e ele vai para um boogie-woogie. Antes de começarmos, eu tinha dito a Naomi: "Sabe, este é o velho José Iturbi, nós não somos esse quadrado. Nós não somos apenas música clássica -. isso é tão condescendente - é a única coisa tola que você escreveu e vamos nos livrar disso." Durante os ensaios, Naomi resisitu - ela queria isso e então eu disse: "OK, eu não vou dizer nada. Nós vamos tentar ensaiar e ver qual é a sensação depois." Com toda certeza, assim que eu comecei a enquadrá-lo, River disse: "Naomi, sabe, isso realmente é - isso é muito brega". A visão deste garoto de 17 anos de idade argumentando com esta roteirista de primeira classe, com o dobro de sua idade, foi tão fascinante. Sabe, esta pureza dele simplesmente ofuscava tudo. Naomi não podia resistir a ele: ela disse, "OK".

Com River, era sempre sobre a cena toda ou o filme todo, ele sempre estava pensando em toda a obra. Isso era muito incomum, você não acha, para um ator jovem - ou para qualquer ator? 

"Com certeza. E falando sobre takes antecipados, Deus, ter que passar dois takes com ele seria surpreendente." (Do livro "Who The Devil Made It" (1997), vide Rio's Attic)
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George Sluizer, diretor de "Dark Blood" (1993):

"Nós éramoss muito próximos. Meu filho, por vezes, disse: "Você parece mais próximo de River do que de mim". Ele não dizia isso como um sinal de ciúme..."

Sluizer descreve Phoenix, que estava destinado a um futuro brilhante, como "uma pessoa um pouco frágil" por causa de sua juventude conturbada e seu uso de drogas.
 
"Mas ele não era, na minha visão, autodestrutivo", diz ele. "Do meu sentimento, foi absolutamente um acidente naquela noite, misturar coisas que não se misturam."

A infância difícil refere-se aos anos de formação de Phoenix no culto religioso dos Meninos de Deus. O diretor diz que eles discutiram alegações generalizadas de abuso de crianças dentro do grupo. "Ele falou sobre os abusos", diz ele.
 
"Antes de filmar, eu lhe pedi para ir para Utah por quatro ou cinco dias comigo, sozinho, para que pudéssemos entrar mais em contato. Então, obviamente, durante a caminhada e a escalada nas montanhas de Utah por conta própria, antes de qualquer equipe ou outras pessoas estarem lá , ele, em certos momentos, iria me dizer algo sobre esse período.
 
"Eu não vou entrar em detalhes - revelando algumas coisas que ele me disse em particular - mas, obviamente, ficou claro que não era sempre muito fácil e ele teve um tempo difícil quando era criança." (BBC, 2012)
 

sábado, 13 de outubro de 2012

Dark Blood: Q & A com o Diretor George Sluizer


Dark Blood: Um cáustico, mas Acolhedor Q & A; A com o diretor George Sluizer/2012




 Por Ard Vijn,

No final de cada sessão de Dark Blood - último filme de River Phoenix, inacabado desde a morte prematura do ator até agora - no Festival de Cinema Holandês em Utrecht, o diretor George Sluizer esteve no palco para contar um pouco sobre o filme e responder às perguntas da platéia. Nada fácil, dado que o homem tem 80 anos e está morrendo de uma doença que enfraquece suas artérias até elas explodirem. Os médicos prevêem que ele vai morrer este ano e em suas próprias palavras: "Pode acontecer a qualquer hora agora".

A exibição que eu assisti foi a primeira diante de um público geral, a estreia mundial aberta somente para convidados da equipe e da indústria. Eu estava sentado próximo ao velho homem e eu realmente esperava que a emoção não lhe fizesse bem. Felizmente ele fez isso com segurança até o fim e o Q & A acabou por ser um assovio. Depois de longos aplausos de pé que visivelmente o emocionaram, ele começou a falar e ele não exatamente mediu suas palavras.

George Sluizer nunca foi particularmente tímido em suas cinco décadas de trabalho no cinema. As respostas de George às perguntas foram ao ponto, sinceras e extremamente não filtradas. Aqui estão alguns destaques: 


Q: Você tinha todo o som e a música já planejados em 1993, ou isso foi acrescentado este ano?

George Sluizer: Não, quando River Phoenix morreu tudo o que tinha a ver com a produção parou. A produtora tinha seguro contra desastres como este, assim eles pegaram o dinheiro, e o filme acabou no cofre da companhia de seguros.

Anos mais tarde, em 2000 ... não, em 1999, a empresa descobriu que o filme não tinha nenhum uso para eles e nunca iria lhes render algum dinheiro. Como o armazenamento era caro, eles decidiram destruí-lo, queimá-lo. Eu ouvi sobre isso em uma quarta-feira, enquanto a incineração estava prevista para sexta-feira. Eu não era o produtor ou o proprietário, apenas o diretor, então eu não tinha direitos sobre os negativos. Mas eu conhecia alguns caras em Los Angeles, então ... Bem, na noite antes do filme ser destruído, eu. .. Do meu ponto de vista eu salvei o filme, mas de todos os outros pontos de vista, eu.. hum ...o roubei. (A platéia ri e aplaude)
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Às vezes, não é sobre as normas. Ou companhias de seguros, bancos, ou dinheiro. O melhor subsídio que eu já recebi foi de um romancista cuja breve história que eu queria filmar. Não Dark Blood, era outro filme. Vi o escritor na rua logo depois de eu ler sua história e eu fui até ele e disse: "Desculpe, você não me conhece, mas eu sou um diretor de cinema holandês, acabei de ler a sua história e eu gostaria de filmá-la." E ele me abraçou. Aquele abraço foi o melhor presente, a melhor motivação que eu já tive. Não é um ... um subsídio do governo ou um subsídio oficial. Foda-se o dinheiro! (risos da platéia)

Assim, em 1993, após a produção ter parado, não havia nada. Nós adicionamos a música em 2012. Ela foi composta por Florencia Di Concilio. Ela é do Uruguai e quando ouvi a sua música para um outro filme, eu viajei para lá para conhecê-la. Apesar de eu não poder andar (aponta para suas muletas) eu fiz o possível para persegui-la até que ela finalmente cedeu e disse que sim.
 


Q: Há boatos de que havia alguma tensão entre River Phoenix e Judy Davis no set. Isso é verdade?
 
George Sluizer: Para começar: nunca houve qualquer tensão entre mim e River Phoenix. Ele era amigável, profissional e tivemos um tempo agradável trabalhando juntos. Quanto à Judy, ela era uma ...hum, eu estou procurando uma palavra
amistosa aqui ... CADELA! (risadas do público).

Quer dizer, ela é uma atriz incrível, eu mesmo fui buscá-la, e ela fez um trabalho excelente. Mas ela era muito difícil de trabalhar, tanto para mim quanto para River.

Felizmente, teve Jonathan Pryce no set, que era sábio, ou pelo menos maduro o suficiente para não ser atraído para a luta. Em certo momento, quando seu personagem tinha que gritar e praguejar com ela, Judy se opôs a isso. Quer dizer, isso era típico: ela tinha lido [isso] no roteiro e aceitou isso, mas quandonós  estávamos filmando ela começou a fazer uma confusão, dizendo que ela não queria ser tratada de tal maneira. Nesse ponto, Jonathan disse: "Ah, vamos, Judy, vamos manter isso. Eu só aceitei esse papel, porque eu poderia atuar dizendo isso para você!" (risos do público). E aquilo foi mantido. 

Eu não vou permitir que alguém fale contra o seu talento como atriz, mas se estamos a falando de suas qualidades como ser humano, eu aconselho a todos a se manter longe dela.


Q: Qual é
o status legal do filme? Será que um dia ele terá um lançamento regular?

George Sluizer: O status atual é: eu tenho os direitos para o filme que você viu esta noite, por isso que eu estou autorizado a mostrá-lo, desde que nenhuma renda seja gerada. Mas os direitos sobre os negativos originais ainda precisam ser resolvidos. Esperamos ter algum tipo de resposta em quatro ou seis semanas. Mas várias equipes de advogados estão investigando isso há mais de um ano agora, então eu não acho que isso será resolvido rapidamente.

Você deve levar em consideração que River Phoenix e a seguradora eram da Califórnia, a empresa de produção inicial era britânica e eu sou da Holanda. Isso significa que você já tem três legisladores diferentes, e três conjuntos de leis de direitos autorais, então você precisa fazer malabarismos. É um quebra-cabeça incrível e muito difícil de resolver.
 


Q: O resto da equipe viu o filme?

George Sluizer: Como você pode ver nos créditos é uma
lista bem longa, e algumas dessas pessoas eu não conheço muito bem pessoalmente. Mas muitos estavam aqui na quinta-feira. Dois dos atores nativos americanos voaram para ver isso. Edward Lachman, que foi o diretor de fotografia, alguns dos produtores envolvidos ... Infelizmente algumas pessoas estão mortas, e Karen Black queria ... Você notou Karen Black no filme? As pessoas conhecem o seu melhor como a atriz ao lado de Jack Nicholson em Five Easy Pieces, um filme excelente. Em Dark Blood ela interpreta a dona de motel e temos sido bons amigos desde as filmagens de 1993. Ela queria estar aqui para a estréia, mas infelizmente ela tem câncer e teve de começar a quimioterapia recentemente. Mas ela queria ter estado aqui e me disse para dizer ao público que ama todos vocês. 


Q: Qual foi o seu maior problema na edição do filme e do que você mais se orgulha?

George Sluizer: Eu quero dizer TUDO. (risos do público).

Mas, por causa da maneira como se filmou as imagens, o filme felizmente existiu como uma série de blocos pré-fabricados de construção. Se vocês foram capazes de fazer alguma coisa de vê-lo, eu estou satisfeito.

Então, novamente, há uma seqüência ... a cena em que eles visitam o abrigo de Boy pela primeira vez, sua quase igreja, e Buffy e Boy estão ambos chapados, e ele diz que ele é apenas um ser ... Eu estou muito orgulhoso disso.
 


Fonte: Twitch Film, em outubro de 2012 

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

[Crítica] 'Dark Blood', o Filme Inacabado de River Phoenix

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Por Ard Vijn,


Ontem à noite, Twitch estava presente na primeira exibição pública do filme inacabado do diretor holandês George Sluizer, Dark Blood, estrelado por River Phoenix. Anteriormente, na quinta-feira, houve uma exibição para a equipe e a imprensa, que em seguida foi aplaudida de pé, durante muito tempo. E, de fato, após esta apresentação aconteceu a mesma coisa. Aconteceu de novo quando George Sluizer, que estava presente durante as duas exibições, terminou o Q & A depois.

Então 
Dark Blood é uma obra-prima que merece uma resposta tão forte? Bem ... não exatamente. A maior parte dele é linda, e partes dele são muito boas, mas é muito claro que o filme está inacabado, uma obra que estava em andamento. O aplauso é provavelmente mais um testamento da incrível história do filme. Vou elaborar.

A História:

Casados há muito tempo, ​​Buffy e Harry (Judy Davis e Jonathan Pryce) viajam através do deserto em seu Bentley, na esperança de reacender seu relacionamento com um fim de semana romântico. Quando o carro quebra no meio do nada, eles parecem condenados. Mas então eles recebem ajuda de um jovem eremita chamado Boy (River Phoenix), que por acaso vive lá.

Seu salvador pode facilmente levá-los de volta à civilização, mas constantemente adia isso, para o desgosto crescente de Harry. Em vez disso, o casal recebem aula após aula sobre como as ricas pessoas brancas pisaram a Terra e os índios locais. Pior ainda, Boy construiu um abrigo grande para esperar "o fim do mundo" e vê um futuro, para si mesmo, junto com Buffy ...






O Filme:

Dizer que Dark Blood tem tido uma história estranha é um eufemismo. Com mais de 80% do filme terminado e apenas algumas cenas internas por fazer, a famosa
estrela do filme River Phoenix morreu de uma overdose de drogas. A produção parou imediatamente, para nunca mais ser reiniciada.

A filmagem inédita desapareceu nos cofres de uma companhia de seguros, que, em 1999, decidiu queimar tudo para economizar em custos de armazenamento. O diretor George Sluizer ouviu falar sobre isso dois dias antes da incineração acontecer. Ele conseguiu organizar um roubo no meio da noite, e teve todos os 700 quilos de material do filme contrabandeados para a Holanda. Em suas próprias palavras: "Do meu ponto de vista, eu salvei o filme, mas de todos os outros do pontos de vista eu ... hem ... roubei ele."
 

No início deste ano, Sluizer, 80 anos, soube que sua saúde estava se deteriorando e ele provavelmente não viveria para ver 2013. Ele decidiu concluir a edição do filme em um todo assistível antes de sua morte. Dark Blood já começa com uma breve introdução falada pelo diretor, na qual ele afirma que a metragem inacabada era como uma cadeira com as duas pernas. "eu agora acrescentei uma terceira perna, e nós nunca  veremos a quarta, mas pelo menos a cadeira pode ficar de pé agora."

E isso ele consegue, embora de uma forma, às vezes, um pouco instável. Em determinados pontos o filme congela temporariamente, e a voz do diretor soa para explicar que está faltando em mais algumas cenas. Isso funciona, apenas, mas Sluizer não é o melhor narrador, e seu sotaque e trabalho de voz puxa você para fora da história a cada vez. Não ajuda que, a certa altura, Buffy lê em voz alta de um roteiro ruim para o qual seu marido deve fazer testes, e então, depois de uma hora, Sluizer uma parte igualmente piegas de seu próprio roteiro. Várias destas interrupções poderiam ter sido retiradas inteiramente, ou facilmente entregues com mais brevidade. Por exemplo, em um deserto cheio de pedras afiadas, nós realmente precisamos de uma explicação elaborada a respeito de porquê Buffy machuca seu pé?
 


Mas o filme em si é muitas vezes fascinante. Usando as locações de Utah ao máximo, Dark Blood contém um grande número de imagens de paisagens bonitas. Normalmente, em uma produção inacabada é o dinheiro que está em falta, mas neste caso, o oposto é verdadeiro. Todas as cenas exteriores tinham sido terminadas, significando que tudo que envolvia automóveis, lutas ao ar livre, fogo e as cenas de paisagem está incluído no filme. Apenas algumas cenas internas estão faltando.

Um problema maior do que cenas faltosas é que o filme em si não envolve
inteiramente o público. Não há realmente nenhuma personagem fácil de se torcer. Eu sou a favor de algum cinza em um filme, mas o casal descrito aqui é quase totalmente repugnante, e terminantemente estúpido para começar. Eu não vou estragar exatamente quão estúpidos eles são, mas esses personagens estão irritantemente no alto da escala, se perdendo uma vez atrás da outra, embora haja, você sabe, estradas.

Apesar disso, cada um dos atores tem seus pontos altos. Eu sempre fui um grande fã de River Phoenix desde Stand By Me, Mosquito Coast e Indiana Jones e a Última Cruzada. Aqui, novamente ele prova o quão carismático e envolvente ele conseguia ser na tela e que
maldito desperdício foi sua morte precoce. Jonathan Pryce faz parecer que o papel de Harry foi escrito especificamente para ele, um reservado e pomposo ator britânico com uma raiva fervente escondida dentro dele. Judy Davis tem alguns tropeços, mas ela dá conta quando o roteiro exige algo adicional ou mais difícil, e seu personagem se torna mais verossímil à medida que o filme prossegue.

No final, nós nunca saberemos o quão perto esta versão de Dark Blood é do que estava previsto inicialmente, ou o quão bom que o filme poderia ter sido. Na versão atual de Sluizer, trabalhando com o que ele tinha, ele ainda não pode cortar todos os cantos do jeito que ele queria. rangidos na estrutura, e a mensagem é agora entregue de uma maneira bastante desajeitada. Há também alguns erros de continuidade presentes (como a mudança da cor do cabelo de Boy
). No entanto, Dark Blood é certamente um filme interessante, e definitivamente vale a pena conferir se você é um fã de qualquer um dos criadores e atores envolvidos.
 

Os aplausos em pé nas últimas duas exibições certamente foram, em parte, para o filme, e o esforço e a aventura de colocar esta versão em uma tela. Mas foi principalmente uma recompensa para a tenacidade de seu diretor morrendo, e uma última chance de agradecê-lo por tudo que ele fez por nós durante os anos 50 no mundo do cinema.

Conclusão:

Esta versão de Dark Blood é um animal estranho. É quase polido o suficiente para ser considerado como um filme acabado. Quase.

As imagens, música e atores certamente tornam assistir a ele um exercício interessante. Mas na sua forma atual, não é uma obra-prima, e talvez nunca teria sido, ainda que River tivesse vivido até o fim da produção.
Ainda assim, este filme é recomendado, especialmente se você está curioso sobre o processo de filmagem e não se importa detectar uma emenda ocasional.

Dark Blood ainda não pode ser distribuído comercialmente devido a disputas legais sobre os direitos do original, mas foi mostrado três vezes no Festival de Cinema Holandês em Utrecht. Mantenha os olhos abertos, pois ele pode visitar um festival perto de você, e com toda a probabilidade, esta pode ser a única chance que você vai ter de vê-lo com o público.

 
 Fonte: Twitch Film, em setembro de 2012