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sexta-feira, 25 de novembro de 2011

"Meu Amigo River Phoenix", por Milton Nascimento


Um relato exclusivo do cantor sobre o seu saudoso amigo superstar



Ícone de uma geração, o ator manteve uma profícua relação com o cantor Milton Nascimento. Às vésperas dos 20 anos do seminal filme My Own Private Idaho, Milton remonta a amizade com o ídolo que o mundo perdeu.


Por Milton Nascimento


“Meu primeiro contato com River Phoenix foi por volta de 1988. Eu estava em Nova York, tinha acabado de terminar uma turnê de quatro meses, com shows por mais de 40 cidades, na Ásia, Europa e América. Antes de voltar ao Brasil, passei uns dias num hotel próximo ao Central Park.
Numa tarde qualquer, estava lá vendo TV no hotel quando começou um filme: The Mosquito Coast. O nome de River Phoenix nos créditos logo chamou minha atenção, mas até então eu nunca tinha ouvido falar dele. Quando acabou o filme, fiquei prestando atenção nos créditos e, para minha surpresa, o ator que eu mais tinha gostado era justamente River Phoenix. Neste mesmo dia, também passou outro filme dele na TV: Stand By Me. Fiquei tão impressionado que decidi escrever uma carta para ele. Foi quando surgiu uma música pronta na minha cabeça. Coloquei o nome: “River Phoenix (Carta a um jovem ator)”.
Algum tempo depois, na gravação do disco Miltons, fiquei com vontade de gravar a música. Mas precisava de uma autorização. Liguei para o Quincy Jones, que me passou o contato da mãe do ator. Liguei:"Como assim? Colocar o nome do menino na música de alguém que eu nem conheço?"
Até que a filha dela, mais nova que River, perguntou:
"Quem quer colocar o nome do River numa música?"
"O nome dele é Nascimento, disse que é do Brasil" – respondeu a mãe. "Mas eu já disse que não."
A garota, que se chama Rain, interveio. Contou que ela e o irmão gostavam muito “daquele cantor brasileiro”, e pediu a mãe que mudasse de ideia. Resultado: gravei a música com o nome dele. Olha só como são as coisas… Certa vez, River me disse que estava no mesmo hotel onde eu assistira The Mosquito Coast. Lá, ouviu uma música minha no rádio. Gostou tanto que, mal acabou a música, já estava numa loja de discos procurando coisas minhas.
Quase um ano depois, em 1989, eu estava muito envolvido com a ONG Aliança dos Povos da Floresta, e fui fazer uma viagem de pesquisa pela Amazônia. Este trabalho deu origem ao disco TXAI. Como eu já estava mais próximo de River, o chamei para participar do disco. Ele gravou um discurso em defesa do meio ambiente na faixa “Curi curi” (Tsaqu Waiãpi).

 Sua família era completamente envolvida com as questões ambientais; tanto que, quando eu o convidei para participar comigo da ECO 92, no Rio, ele trouxe a família inteira. Na época, ele tinha acabado de participar do filme Indiana Jones e a Última Cruzada, que estava lotando cinemas do mundo.
Depois do encontro no Rio, levei River para minha cidade, Três Pontas, no sul de Minas Gerais. Lá, ele se misturou a todos, e passava o dia cercado por um monte de gente. Ninguém acreditava quando via um astro como ele andando despreocupado pelas ruas de uma cidadezinha mineira.
Nós ainda nos encontramos várias vezes nos Estados Unidos. Ficamos muito amigos, mesmo. Prefiro pensar nele com boas lembranças. River é uma pessoa que faz muita falta nesse mundo de hoje em dia. Era um cara que estava ali sempre, para tudo que você precisasse.


Fonte: RG, em novembro de 2011

24 comentários:

  1. Ballad Of Easy Rider
    The Byrds

    The river flows
    It flows to the sea
    Wherever that river goes
    That's where I want to be
    Flow river flow
    Let your waters wash down
    Take me from this road
    To some other town

    All he wanted
    Was to be free
    And that's the way
    It turned out to be
    Flow river flow
    Let your waters wash down
    Take me from this road
    To some other town

    Flow river flow
    Past the shaded tree
    Go river, go
    Go to the sea
    Flow to the sea

    The river flows
    It flows to the sea
    Wherever that river goes
    That's where I want to be
    Flow river flow
    Let your waters wash down
    Take me from this road
    To some other town

    --

    achei essa música tudo a ver com ele (eu não tinha prestado atenção na letra). E é linda!

    a do Milton também, pra ter uma música do Milton naquela época (em que ele havia estourado),imagina o quanto River mexeu com ele (covenhamos,a gente bem entende)! Eu queria saber mais sobre eles,sobre o que Milton sabe dele. Mas,que nem todos, eles ficam com isso pessoalmente,é muito especial.

    Acho que River tinha que ter ficado em MG =D!

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  2. opa,esqueci de me identificar no comentário anterior (da música) =P

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  3. Oi, Maria,

    Esta música é linda mesmo, e lembra tanto River que o Tom Petty a dedicou a ele, num show em Gainesville, em 1994.

    Eu postei o vídeo deste momento do show e a letra, numa livre tradução, em 31 de outubro, neste post: "Para River, como Amor e Saudade..." Caso queira ouvir, o link é este: http://migre.me/6fGA5

    E sobre a emoção que River causava, acho que basta ver a lista imensa de músicas que foram feitas ou dedicadas a ele até hoje! Ele impactou e continua "causando", até hoje.

    Mas se River tivesse ficado em Minas, eu acho que eu teria que tornar uma 'mineirinha' também! :)

    Ah, e pelo que entendi, a entrevista com o Milton sobre o River será bem maior!

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  4. Como assim Novembro de 2011? Foi agora então? O que é RG? uma revista?

    Explica isso aí Femme...

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  5. A RG Vogue é uma revista, que tem também um site no IG. Esta entrevista foi postada no site em 23 de novembro de 2011.

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  6. Bah, Femme, nem tinha percebido, está no fim da página! XD

    é que eu estava mexendo aleatoriamente no youtube e apareceu ehhe

    uhm, interessante a revista ser dessa da vogue, e pena também, não gosto dessas revistas elitistas/hedonistas/comercialistas. Mas qualquer lembrança boa do River é válida =)!

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  7. Pois é, Maria, pra você ver como esta música lembra mesmo ele..rs..

    E pelo River, eu leio até bula de remédio!..kkk..

    Hum, você é gaúcha? Tem um aparente gaúcho aqui que adora a Sandra Bullock. Vai ver vocês se conhecem..rs..

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  8. Oi Femme,
    aqui é a mineirinha de verdade,rs,rs,rs
    Uai,nunca tinha visto essa foto,com certeza meu amigo Milton tem muitas outras,rs,rs,rs
    Modestia parte meu estado é bem acolhedor,com certeza o River adorou as pessoas que o Milton disse que os cercaram o tempo todo!!
    Aqui é tudo gente boa,é um tal de vai chegando,pode entrar,quer um café,mineiro é assim.Agora,como queria ser de Três pontas, pra ver aquele anjo de pertinho,sorte de quem viu,né!Nas minhas férias vou lá fazer um tour.rs,rs,rs

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  9. Ba, mas me ama essa Femme ne? fofa

    E quanto a Sandra, não tem como explicar...

    Bjs

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  10. Oi femme acompanhando seu blog.
    algum tempo que venho acompanhando seu blog no anonimato...Nesses tempos de sustentabilidade e preservação ambiental virou modinha... Paracesse que River Phoenix vai ser "canonizado" como uns dos primeiros astros de hollywood a levantar a bandeira...
    Concordo com Milton, River faz falta muita nos dias de hoje.

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  11. Oi, Michele

    Seu estado é lindo mesmo, mas bem que River gostava de um sol intenso como no meu, ná?!..rs.. Se for até Três Pontas, aproveite pra trocar umas idéias com Milton. ;)

    Anônimo,

    É assim, mesmo, amor não se explica..rs..

    Jamile,

    Seja bem vinda!;) Concordo com você que River é um exemplo e uma inspiração pra quem ama e preserva a Natureza.

    River faz falta a cada dia, todos os dias, a mim... :(

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  12. Oi! Eu não conheço a/o fã da Sandra,na verdade, devo conhecer mais uma ou duas pessoas que conhecem o River, e sou a única que conheço que é fã dele... =/ Aí por isso eu adoro teu blog, porque acho pessoas que dão valor a ele, e pessoas especiais e que fizeram a diferença,e sabem como é isso. As pessoas da minha idade (bebes quando ele morreu) são muito hedonistas,egoístas e narcisistas,nunca entenderiam o quão especial ele era,nem o que é gostar dele. Eu até comento pra pesquisarem ou olharem o conta comigo,mas não dão bola. Eles gostam daquele diarios de uma paixão, prá eles o ápice de humanidade e sentimento no cinema...

    Ah,quanto a Sandra,eu gosto dela, é uma óóótima atriz,linda e simpática, mas não sou fã (só do trabalho).É que também "não é da minha época" (olha quem é,dos de Hollywood, Megan Fox, Crepúsculo ='[ ).

    Mas o River eu não sei,acho que só ele pra ser tão anacrônico =}!Apesar da Sandra ser demais, convenhamos que não se compara a ele (não é puxar pro meu assado, mas todos diziam isso,então não deve ser besteira)...

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  13. Muito bom ler este relato do Milton e ainda mais ver esta foto tão bela.
    A evidencia de uma amizade sincera entre duas pessoas de países e línguas distintas. Muito bom poder ter acesso ao seu material. beijo.

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  14. Marcela,

    Pensei que você tinha desistido do blog antes de mim! :) É bom te ver de volta.

    Beijo.

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    1. Eu também me emocionei, Hiran. Adoraria que o Milton contasse mais histórias envolvendo o River...

      Seja bem vindo ao blog. ;)

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    2. O bom dos artistas Femme é que eles fazem a gente recriar e reinventar histórias a partir das pequenas narrativas que eles fazem nas poesias das canções, num é? Ainda mais Milton que é hiper-reservado, aí acho que ele acaba por nos permitir viajar na história dele, que ao mesmo tempo é um risco - mas um risco que o manterá no assunto... Um abraço pela resposta - segunda emoção - Hiran Pinel

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    3. Hiran, é verdade, os artistas recriam a história do mundo todo dia nas suas canções, nos seus filmes, nas suas obras de arte... e quando dois monstros como River e Milton se encontram, o público só tem a ganhar e aplaudir.

      E emoção mesmo é encontrar vocês aqui, todo dia. Sempre que alguém participa faz este blog ter sentido, pois ele foi criado para isso, para que nós, o público, possamos partilhar e compartilhar o legado de um deles, meu adorado River Phoenix.

      Beijo! E volte sempre, será bem vindo. ;)

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  16. Eu adorei esse blog porque ele fala justamente da minha primeira paixão adolescente platônica, primeiro ídolo numa época que não tínhamos internet. E olha que era novinha, tinha 12, 13 anos desabrochando para o mundo e começando a ter essas paixonites de garotos e me encantei com ele. O olhar... profundo e sempre o achei enigmático. Deixa eu me apresentar meu nome é Regiane tenho (precisa falar idade?)...bom quando tudo começou lá em 1992 quando o vi numa revista da Capricho e depois nos filmes. Stand by me era clássico da sessão da tarde e o Explorers que quando passava eu assistia só por causa dele. E ao ver esse filme sempre achei que algo estava por vir e, que em pouco tempo depois, um ano depois 1993 ele iria vir a óbito o que achei mais estranho ainda na época. Lembro me até hoje naquele domingo passando no Fantástico noticiando a morte dele: fiquei chocada!

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    1. Oi, Regiane!

      Muito legal conhecer sua história com o River, mesmo o fim sendo tão triste. Eu lembro daqueles dias de alegria, em que esperávamos algo de bom vindo dele, uma notícia de um novo filme, uma nova foto, algo assim, e depois o abismo profundo de sua perda, que me deixou sem chão. Difícil entender como alguém tão bonito, talentoso e admirado pudesse partir assim, num piscar de olhos. Hoje, então, presto homenagem a este lindo e talentoso artista, para que sua história não seja esquecida.

      Seja bem vinda. E obrigada por participar.

      Beijos.

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  17. A história que o Milton contou é linda. River super simples, se sentindo em casa. Tão cheio de qualidades.
    Agora, cá entre nós, eu não consigo mais escutar essa música sem me emocionar.

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  18. Este comentário foi removido pelo autor.

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  19. Nossa fiquei muito feliz de saber que o River esteve na cidade natal dos meus pais, muito feliz msm cheguei ate a sentir um entusiasmo aqui kkkk. aproposito gostei muito do seu blog, fico feliz de saber que ainda existem pessoas que mantenham a imagem do River viva.

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  20. Nossa que inveja do Milton. Eu amo o Rive e queria muito ter sido amigo dele também .

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