E se River Phoenix tivesse vivido? [Parte 2]: HitFix/2013

 

PARTE 2

  

TRÊS COISAS QUE PREVEMOS QUE TERIAM ACONTECIDO: 

1 - Ele teria seguido outros ramos além de interpretar jovens sensíveis

Phoenix encarnava com perfeição o arquétipo do jovem sensível que está tentando traçar um curso emocional através de um mundo doloroso, um nicho que caras como Johnny Depp e Leonardo DiCaprio foram muito felizes em preencher, na sequência da morte de Phoenix, e que Ryan Gosling está atingindo a quilometragem máxima de hoje.

A questão é que você só pode fazer isso por um certo tempo sem despencar em auto-paródia ou apenas ficando louco. Phoenix foi subestimado como uma presença cômica, e eu acredito isso teria mudado se ele tivesse tido mais uns cinco anos. Seu timing para a comédia era incrível, mas como ele nunca interpretou uma cena como uma "piada", ele fez até seus momentos mais absurdos parecerem reais. Nós nunca tivemos um senso de sua gama completa como artista, e teria havido tempo para que isso finalmente acontecesse.

 

2 - Ele teria vendido um monteeeeeeeeeeeeee de gravações

A música era uma parte significativa da vida criativa de Phoenix, e quando ele fez The Thing Called Love, de Peter Bogdanovich, ele acabou compondo e tocando muito de sua própria música no filme. Isso era parte de sua vida desde quando ele era muito jovem, e ele estava em uma banda com sua irmã Rain chamada Aleka's Attic. 

Eu não sei se ele teria mantido aquela banda ou alguma versão da mesma, mas a música teria permanecido uma parte importante de quem ele era e se The Thing Called Love é alguma indicação, ele tinha valores genuínos como compositor. Nem sempre é bonito quando atores lançam álbuns, mas Phoenix parecia ser o tipo do cara que poderia facilmente ter feito o trabalho, especialmente considerando a base de fãs apaixonados que ele já tinha.

3 - Ele teria recebido um monteeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee de Oscars

Essa indicação ao Oscar em 1989 foi apenas o aquecimento. Phoenix era amado pelos cineastas com quem ele trabalhava, os atores com quem trabalhava, e o público em geral. Ele não era alguém que parecia animado com o jogo de publicidade, mas ele também não tinha tanto medo disso que ele constantemente se auto-sabotasse, como alguns atores fazem.

Ele era político o suficiente para que ele pudesse ter jogado o jogo, sem abrir mão de nenhuma parcela de sua integridade, e porque ele trabalhou para cineastas como Sidney Lumet e Steven Spielberg e Peter Bogdanovich, ele teria tido o apoio de várias gerações de talento de Hollywood. Não há nenhuma forma dele ter se mantido trabalhando e não ter sido recompensado. Era apenas uma questão de conseguir o papel bem no ano certo, e considerando como ele estava no topo da lista de todo mundo em praticamente qualquer projeto em que ele fosse mesmo remotamente ideal, eu estou supondo que ele teria tido muitas oportunidades de levar para casa o prêmio mais conhecido de Hollywood.

  

Será que a história calculou o melhor?

Não. Perdemos algo especial quando perdemos Phoenix. Estranhamente, eu não acho que os 20 anos desde a sua morte são os mais dolorosos, mas sim os anos que viriam agora pelos 40 e poucos anos da estrela falecida. Vê-lo se tornar um homem, vendo como ele seguiu os seus gostos e os seus interesses, era algo que eu acho que a maioria de seus fãs estavam ansiosos para ver, e eu ainda me pergunto, às vezes, quando eu vejo um filme que ele poderia ter estrelado, como isso teria sido diferente com ele fazendo o papel.

Há muitos atores talentosos e ecléticos que trabalham hoje, mas ninguém que ofereça essa mesma combinação de talento e charme e carisma que Phoenix tinha. Eu não considero todas as mortes automaticamente trágicas , mas considerando que já faz duas décadas e ainda dói como se fosse fresca, acho que essa se destaca como uma das maiores tristezas que eu já vi essa indústria suportar durante o tempo que eu vivi e trabalhei em Los Angeles. 

Durante a Comic-Con, eu tive a chance de conversar um pouco com Lili Taylor, e ela era exatamente adorável, acolhedora e engraçada como você esperaria que fosse. Quando começamos a discutir Dogfight, que talvez seja o meu filme favorito de Phoenix, a reação que ela teve foi imediata e quase avassaladora. Eu vi lágrimas em seus olhos quando falamos sobre Phoenix e sobre a experiência de fazer o filme com ele, para o diretor Nancy Savoca. 

Há um momento marcante no filme, um ponto de virada para seu personagem, onde ele está olhando para ela cantar e tocar piano, e para ele é uma cena em silêncio, uma lenta conexão de como ele percebe quem é essa pessoa. Quando penso nesse momento, ele resume tudo o que foi maravilhoso sobre ele. É um momento de intensa e escancarada humanidade, uma pessoa que coloca a nu as coisas que todos nós lutamos para manter escondidas a cada dia. E esse seu dom obviamente deixou sua marca nas pessoas com quem trabalhou e nas pessoas que assistiram esse trabalho.

E se? Cara, eu gostaria que nós soubéssemos essa resposta.  

Fonte: HitFix, em agosto de 2013