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domingo, 22 de setembro de 2013

"A Margem de River": Detour/1993 [Parte 1]





Por James Grant,

River Phoenix é um pássaro raro e incomum em Hollywood. Em uma cidade onde muitas estrelas jovens são obsessivas sobre a imagem, os objetivos de longo prazo, e ser politicamente corretos, aqui está um jovem ator que voluntariamente se expõe sobre praticamente qualquer assunto no qual ele possa afundar o seu sedoso cabelo. O presidente Clinton. Gays nas forças armadas. Os problemas globais gerados pelo crescente poder das corporações multinacionais. Na verdade, é imediatamente evidente que River Phoenix não é um galã à espera de sua próxima oportunidade para uma foto.

A primeira vez que entrevistei River foi quando ele tinha 16 anos, na casa de sua família no Rancho Santa Fe, em San Diego. Ele tinha acabado de ser aclamado pela crítica por sua atuação brilhante em Stand By Me. Ali estava um garoto inteligente, mas refrescantemente não precoce, completamente sem saber que ele estava à beira de uma grande carreira no cinema. Ele cresceu em uma família muito unida, que estava mais interessada em tofu do que em subir os degraus da escada do sucesso. Em certo momento, River até mesmo conduziu parte do nosso encontro de cabeça para baixo em uma barra de ginástica, respondendo a perguntas enquanto o sangue descia à sua cabeça, tornando o seu rosto vermelho vivo.

Ele dá uma olhada nas anotações e entrevistas passadas pousadas em cima da mesa e pergunta: "É este tipo de propaganda que você tem lido?" Quando informado que sua empresária me forneceu as histórias como pesquisa de fundo, Phoenix olha para longe e entoa: "Ela é minha agente. Ela não é meu guru."

Phoenix acaba de concluir as filmagens de The Thing Called Love para a Paramount Pictures. Interpretar um compositor aspirante em Nashville é natural para o ator, que escreveu e executou seu próprio estilo de música
muito diferente, por tanto tempo quanto ele pode se lembrar. Ele atualmente toca com a banda Aleka's Attic. 

"Eu vi uma prévia do filme - que poderia ter se tornado facilmente lixo", revela ele. "Mas, graças ao [diretor] Peter Bogdanovich, todo o trabalho duro e todo o sangue, suor e lágrimas, ele acabou por ser
mais. Ele narra um conto com muito pouca besteira. Nenhuma besteira, pelo que eu posso dizer."





The Thing Called Love termina por ser um trabalho de amor. "Eu escolhi o projeto porque Peter e eu tínhamos um acordo sobre a forma como iríamos melhor seqüestrar este navio e dirigir o seu curso, com a ajuda maravilhosa de [co-estrelas] Dermot Mulroney e Samantha Mathis. Tivemos todo o grupo nos ajudando."
 

O ator passava longas horas trabalhando em uma variedade de capacidades além de interpretar seu papel - para desgosto de alguns executivos de estúdios associados ao projeto.  

"Às vezes,  você nega a si mesmo o sono que você precisa e fica acordado trabalhando muito duro no roteiro. Ou você escreve uma música, que todos estão desencorajando você a fazer - estou falando de executivos, pessoas que não querem pagar um ator para escrever música porque eles pensam que isso é só um outro movimento político de minha parte, já que todos os meus filmes são políticos. Eles pensam onde eu estou querendo chegar, o que não tem nada a ver com o que realmente está acontecendo."

E isso é exatamente o quê? O ator está em movimento.
 

"Tem tudo a ver com eu ter a melhor compreensão do personagem e do filme. Eu e as poucas pessoas trabalhando nisso desde o final criativo somos os únicos que realmente entendemos o que está acontecendo. Nenhuma das outras pessoas tinham uma pista de que este filme seria tão bom."

Phoenix, aparentemente, não está preocupado em agitar as plumas de Hollywood. Esta franqueza se estende até as plumas de Nashville. Do tempo passado no sul nas locações de The Thing Called Love, ele lembra. "Passamos três semanas em Nashville. Eu conheci algumas pessoas maravilhosas, maravilhosas, lá. Alguns compositores maravilhosos."  

Em seguida, Phoenix baixa o tom. "Mas eu acho que você encontra, como em qualquer cidade, como em Los Angeles ou em qualquer outro lugar - o étnico censurado e as piadas do mau gosto."  

Ele me olha nos olhos com a intensidade de um homem que é apaixonado por seus valores e que não vê necessidade de censurar a si mesmo, já que ele não acredita em censura de qualquer tipo ou forma.

"Não há um 'bom gosto' para este tipo de piadas que segregam, que tão arrogantemente explodem os cérebros do seu vizinho sobre o cimento, só porque você os acha diferente de você. Estou muito cansado de viver aqui", suspira. "Isso me faz pensar se Paris não tem mais união do que nós."

Continua...

Fonte: Detour, em julho/agosto de 1993 
  

20 comentários:

  1. Pois e mais uma vez vimos river fazer um filme,se repararem bem todos os filmes de river têm uma mensagem por tras,incrível este ser humano,Coitada da samantha vi na biografia que no ano de 93 tres meses antes de perder o river ela perdeu sua avó (tambem atriz) pobre alma e depois trez anos depois perdeu a sua mae (bibi besh) coitada como conseguiU ela soportar tanta dor? tenho o maior respeito por ela! femme te adoro!!!!

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    1. Oi, Portugal

      É mesmo, River sempre teve esta preocupação de fazer ativismo social especialmente quando estava dedicado à sua arte, seja interpretar personagens, seja criar músicas. Ele queria fazer a diferença e, dentro das suas possibilidades, ele fez.

      E a Samantha, nem sei o que dizer. Ela sofreu tantas perdas, viveu tanta dor e deve ter sido muito difícil seguir em frente. Li uma entrevista em que ela disse que depois da morte da mãe, ficou tão sozinha que teve que se reaproximar de seu pai e da nova família dele, pois não tinha mais ninguém no mundo. Imagina que coisa mais triste...

      E que bom conhecer mais um(a) fã do River, Seja bem vindo(a)! :)

      Beijos.

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    2. Deus, nunca soube de nada disso que havia acontecido a Samantha. Ela é uma fortaleza, ou teve que ser, coitada. Espero que, apesar de não ser nada fácil p ela até hj, tenha se restabelecido e tirado aprendizado de todas essas perdas, ela merece.

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  2. River, sem dúvida, o mais lindo e especial de todos. S2

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    1. Lindo por dentro e por fora. É clichê, mas é a pura verdade. ;)

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    2. Sem dúvida, Femme. E sabe o que mais, isso só prova, embora nós aqui no blog não precisemos de provas, o quanto ele não havia mudado em termos de generosidade e empenho no que se refere a lutar por um mundo melhor, como mtos podem ter pensado. Afinal, ele estava a poucos meses de ir embora.

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  3. Que bom que River tinha valores tão puros, e o melhor, que ele nunca os abandonou, e continuou sendo leal ao que acreditava até o fim. Saudades eternas.

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    1. Oi, Nanda,

      Adorei este trecho: "Ele me olha nos olhos com a intensidade de um homem que é apaixonado por seus valores (...)"

      Acho que aqui o jornalista conseguiu perceber o quanto de verdade havia em River, nas suas convicções, nas suas lutas, no seu desejo de fazer mudanças reais no mundo, não meras maquiagens políticas. Essa entrevista foi poucos meses antes de sua morte, e podemos ver sua desilusão com os valores exaltados nos EUA e como ele estava farto disso, mas ainda assim... havia esperança de em algum lugar ser (um pouco) diferente. Por isso me entristece ainda mais pensar que depois da sua morte a mídia o tratou como um "falso", um "hipócrita que vendia uma falsa imagem", coisa que ele nunca foi. Pena que a mentira venda mais que a verdade.

      Eu também sentirei saudades dele para sempre...

      Beijos.

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    2. Exatamente isso que pensei, Femme. Mas, Flor, um dia a verdade aparece...é isso que me conforta..como tem aparecido ao longo dos anos. Saiba, vc é uma das responsáveis pela difusão dessa verdade sobre ele. Obrigada por existir, viu. Bjo

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  4. O River vermelhinho devia ser fofo!

    Layane

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  5. Achei interessante, não sabia que ele já havia lutado contra a Don't ask, don't tell. Fico feliz em saber, pq além de seu fã, sou gay.
    Noite passada sonhei com River, ele tava andando tranquilamente em uma rua perto da minha casa, com uma câmera filmadora na mão. É bom ter esses sonhos, mas ao mesmo tempo eu fico triste...enfim, é complicado, acho que o River é o amor platônico de todo mundo aqui né hahahahahaha.

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    1. Nossa, Lucas, já imaginou o River filmando pertinho de você? Um sonho mesmo..rs.. Já eu não costumo sonhar com ele, mas quando ele morreu passei um ano tendo pesadelos todas as noites.

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    2. Logo que ele se foi pedia mto a Deus p sonhar c ele..q ele aparecesse de alguma forma...falasse algo..na verdade todos nós, admiradores, estávamos inconformados e simplesmente em choque...não sonhei na época..

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  6. Mais alguém aqui tem inveja do Milton Nascimento?? haha, pensa bem, o cara viu Conta Comigo, sentiu a mesma coisa que todos nós sentimos, conseguiu contactar o River, e criou uma amizade! Surreal, não? Acho que foi o sonho de cada um aqui.

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    1. Afe, realmente o Milton teve muita sorte, né? Se é que se pode chamar de "sorte", afinal Milton tinha tinha sua arte como 'credencial', o que o fez por merecer a admiração de River antes mesmo de se conhecerem. Mas certos encontros parecem mesmo escritos nas estrelas... eu não sei porque, mas acho que um dia vou conhecer o Keanu Reeves. :)

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    2. Femme, Femme.se isso acontcer me chama, hein! rsrs

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    3. Invejinha branca de Milton sim, Lucas..rs..aquela inveja q não faz mal..rs

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  7. Meu deus espanta.me como river defende os seus valores com tanta garra e determinação,ele nao está nem aí para o que os outros pensam,ele era tão maduro para a sua idade a maioria das pessoas com 23 anos ainda não sabem o que é a vida,eu por exemplo tenho 20 anos e estou à procura de mim da minha identidade e do sentido da vida,quem me dera ter um amigo igual a river...seria tão bom aprender coisas com ele,afinal ele é a pessoa que era graças a seus pais (hippies) que lutaram no anos 60 contra a injustiça,ele era filho de génios...pena que já não exista gente assim :(

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    1. Portugal,

      Este é um dos motivos pelos quais eu o admiro tanto. River viveu apenas 23 anos, mas teve mais experiência de vida do que muitos de 80 anos!

      Ele tinha uma sabedoria que eu penso que foi sedimentada nos anos de vida dura que ele teve, mas principalmente no amor que unia sua família ao enfrentar tudo junto. É mesmo muito difícil alcançar essa maturidade sem enfrentar grandes problemas na vida (afinal, só na vida boa se cresce mais infantil mesmo).

      Por outro lado, essa vivência de sofrimento também deixa marcas na alma que nunca se apagam. Creio que River tinha os dois no seu coração: a sabedoria e a dor, e conviver com isso nem sempre foi fácil.

      E para nós, pobres mortais, tudo tem seu tempo. Não adianta querer decidir toda uma vida aos 20 anos, até porque muitas coisas nem sequer imaginadas estão à nossa espera em cada esquina! Vamos torcer para que sejam boas. ;)

      Beijos.

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