Trecho do livro "Vivendo com Shakespeare: Ensaios de escritores, atores e diretores"
Por James Franco,
Criei recentemente um filme chamado "My Own Private River", que foi exibido no Museu Gagosian em Los Angeles ao lado de pinturas feitas por Gus Van Sant, o diretor do "My Own Private Idaho" original .
Foi um projeto muito incomum. Eu adorava "My Own Private Idaho" quando eu estava crescendo. Antes mesmo de começar a atuar, eu costumava vê-lo repetidamente: havia algo sobre a emoção dele, sua estética, e a família improvisada que os personagens criam que falava com o meu eu adolescente. Há Bob Pigeon, interpretado por William Richert, que pode ser rastreado até Falstaff de Shakespeare; Scott Favor, interpretado por Keanu Reeves, que pode ser rastreado até o Príncipe Hal, e Mike Waters, interpretado por River Phoenix, que remonta ao personagem de Poins. Eles encontram uns aos outros às margens da sociedade, e ajudam uns aos outros através desse momento de suas vidas com uma intrincada combinação de humor, agressividade, e compreensão.
Foi um projeto muito incomum. Eu adorava "My Own Private Idaho" quando eu estava crescendo. Antes mesmo de começar a atuar, eu costumava vê-lo repetidamente: havia algo sobre a emoção dele, sua estética, e a família improvisada que os personagens criam que falava com o meu eu adolescente. Há Bob Pigeon, interpretado por William Richert, que pode ser rastreado até Falstaff de Shakespeare; Scott Favor, interpretado por Keanu Reeves, que pode ser rastreado até o Príncipe Hal, e Mike Waters, interpretado por River Phoenix, que remonta ao personagem de Poins. Eles encontram uns aos outros às margens da sociedade, e ajudam uns aos outros através desse momento de suas vidas com uma intrincada combinação de humor, agressividade, e compreensão.
Quando, de repente, eu tive esse filme sem cortes, que tinha sido uma grande parte da minha adolescência, na minha frente, foi comovente e emocionante: nós marcamos nossas memórias por parte dos produtos culturais que estavam envolvidos com quando éramos mais jovens. Eu fiz um trabalho semelhante antes, mas este foi especial porque eu senti que o material era extremamente valioso por causa do lugar do filme em história do cinema, e na vida de River. Por essas razões, eu não queria ir para lá de uma forma perturbadora: eu queria entrar lá de uma forma respeitosa.
Outra coisa que Gus fez, e que eu levei ao extremo, é que ele se concentrou no personagem Poins, neste caso, Mike Waters, interpretado por River Phoenix. Ned Poins é um dos ajudantes do Príncipe Hal Shakespeare criou 1.222 personagens, e nenhum deles é incidental: todos estão totalmente individualizados. É muito comovente pensar em um personagem secundário, um de todos esses personagens de Shakespeare, recebendo os holofotes. Essa atenção torna-se ainda mais pungente pelo desempenho incandescente de Phoenix. É irrelevante se ele estava se revelando através do papel ou não, pelo fato de que este é, sem dúvida, o seu melhor desempenho e que ele estava morto dois anos depois. A atuação no filme agora é infinitamente mais valiosa porque ele capturou o melhor ator de sua geração no auge de seus poderes. Ao editar o material não utilizado do filme, eu pude dar mais ênfase à beleza essencial de Phoenix e seu trabalho. Phoenix, no meu filme remix "My Own Private River", foi destacado de todos os outros atores e performances do filme para esse efeito, porque ele é apresentado em tal maneira inabalável, assim como Van Sant destacou Poins em seu filme original.
Agora, o significado de "Idaho" mudou porque River se foi, mas você quer que ele esteja lá, você quer que ele continue, você quer ver o que ele pode fazer, e você quer encontrar tudo o que ainda está vivo e continua a existir em torno dele. Conseqüentemente, aqueles momentos que imediatamente o arrastam para fora de um filme normal, puxam você para este filme - pelo menos, me puxaram - por que River está andando, ele está vivo de novo. O que eu quero dizer é que você só quer qualquer coisa que você possa ter com ele.
Aquela sensação de querer parar o tempo remonta ao original, também: Henry IV é, entre outras coisas, uma história de amadurecimento. Príncipe Hal estar crescendo é, ao mesmo tempo, necessário e profundamente comovente, e de muitas maneiras, nós queremos que ele seja capaz de continuar a se divertir, o garoto irresponsável, com Falstaff, para sempre.
De certa forma, a duração das filmagens que pude editar, especialmente a versão mais longa do filme, serve para prolongar aquele momento indefinidamente - já que de uma maneira terrível River tinha de crescer, e de outra maneira, ele ainda está naquele happy hour antes do fim. Como eu não tinha todos os encargos econômicos do filme inicial, eu fui capaz de fazer um filme com uma narrativa muito mais flexível. Assim, enquanto o original foi motivado pela necessidade de contar uma determinada história, o filme que eu fiz foi impulsionado apenas pela presença de River.
Shakespeare cria um mundo tão vivo, rico e complexo que pode proveitosamente se concentrar em apenas uma parte e encontrar inspiração para toda uma variedade de atividades artísticas: neste caso, o resultado consistiu em dois novos filmes, criados pelo ato de editar um filme (Idaho) sobre um filme (Chimes) sobre uma peça de teatro (Henry IV). É uma genealogia artística, mas ao mesmo tempo, cada um de nós traz algo de fora e de nós mesmos para o relacionamento. Como Shakespeare usou a história britânica para seu material, Orson Welles usou Shakespeare. Van Sant usou Welles, e Shakespeare, e suas próprias experiências para criar seu filme. Por outro lado, eu humildemente usei Van Sant e Phoenix para revelar o quanto eu os amo.
Fonte: Salon, em 09 de abril de 2013
Parece que James Franco nunca se cansará de falar sobre River. O impacto que ele lhe causou foi tão profundo e forte que precisa ser reafirmado, de mil formas, sempre. De certa maneira, ele disse algo que eu também sinto: River faz tanta falta e vê-lo atuando é, também, uma forma de mantê-lo vivo e feliz.
ResponderExcluirMas AMEI especialmente este trecho do artigo:
"Agora, o significado de "Idaho" mudou porque River se foi, mas você quer que ele esteja lá, você quer que ele continue, você quer ver o que ele pode fazer, e você quer encontrar tudo o que ainda está vivo e continua a existir em torno dele."
River deixou saudades em todo ser humano que cruzou com ele em alguma época de sua vida;seja pessoalmente ,no cinema ou pela tv,aliás, Milton Nascimento se "apaixonou" apenas pela sua presença e olhos enquanto o assistia.James, todos nós somos apaixonados por esse ser que passou feito um cometa pela Terra e deixou marcas!!!!
ResponderExcluirÉ verdade, Lady Mike. River foi um clarão que iluminou nossos céus por um brve instante, mas cuja lembrança durará para sempre. River está vivo em toda a sua obra e em todos que o amaram e sentem a sua falta.
ExcluirBeijo.
River pode ter tido uma vida curta, mas ele viveu mais em 23 anos do que a maioria das pessoas vive em 80. Sua passagem por aqui nos deixou amor, e mais do que tudo, esperança; ele nos ensinou que nenhum sonho é grande demais, nos ensinou a amar todas as coisas vivas e também a respeitá-las, ele deixou sua mensagem para passarmos adiante. River mudou minha vida de muitas maneiras, me ensinou a ser uma pessoa melhor, e a cada dia eu me esforço ao máximo para ser como ele.
ResponderExcluirObrigada River Phoenix, por nos ensinar tudo isso, pode ter certeza que tua passagem por aqui não foi em vão, tu iluminou este mundo e fez dele um lugar melhor, te amo hoje e sempre.
Nanda,
ExcluirConcordo com cada palavra, com este River adorável e inesquecível que você desenhou, com seu depoimento nos lembrando por que sua memória mantém-se viva tantos anos depois. River encarna o sonho que está logo ali à nossa espera, o milagre que pode se realizar a cada vez que acreditamos e apostamos em algum sonho, por mais maluco que pareça.
Obrigada, Nanda, pelas suas palavras, pois nos faz acreditar que River não viveu seus sonhos em vão e que, no final, ele conseguiu. Ele não foi tragado pela escuridão, ele foi uma estrela tão brilhante que se consumiu em tanta luz. Como as maiores estrelas do Universo.
Beijos!
Femme, Faço minhas as suas palavras! Eu iria colocar no meu comentário, exatamente a parte que você disse que amou. Ele descreveu perfeitamente muito do que os fãs e admiradores de River sentem em relação a ele.
ResponderExcluirBeijos!
sweet child,
ExcluirÉ tão bom quando a gente encontra alguém cujas palavras, lidas no mundo todo, expressam os mesmos sentimentos intensos e bonitos que River nos inspira, né? Feliz demais de ler isso.
Beijos!
Verdade Femme, É como se James não estivesse falando apenas por ele, mas estivesse representando todos os fãs do River com suas palavras, falando por todos nós. Não consigo imaginar como alguém que admira River, pode não pensar igual a ele, não concordar com suas palavras.
ExcluirFoço minhas as palavras de James. A diferença é que ele, por ser do meio, pode concretizar sua homenagem através de uma nova feitura do filme, digamos assim, e nós eternizamos River e o homenageamos através desse incrível blog, cujo fio condutor é vc, Femme. Obrigada por existir e nos proporcionar um espaço tão especial onde nós, que temos essa ligação atemporal e incondicional com River podemos nos expressar e compartilhar todo esse sentimento.
ExcluirNossa Femme, que bom que minhas palavras te causaram tão bons sentimentos; tu é tão especial pra mim, com este trabalho divino que tu faz aqui. Acho que já te disse isso, mas vale a pena repetir: cada fez que entro no blog eu saio mais feliz, me sinto de algum modo próxima a River, esse lugar é como um porto seguro no meio da tempestade que é a minha vida às vezes.
ResponderExcluirAh, li em um dos posts antigos do blog que ele veio pra Porto Alegre, bem, eu sou gaúcha, e mesmo não sendo nascida na época, isso me encheu de alegria, acho que tu me entende, começei a gritar( minha irmã me xingou por isso :P), afinal, River Phoenix veio pro meu Rio Grande, ele pisou na minha terra, EU JÁ PISEI NO MESMO CHÃO QUE ESSE SER DIVINO.
Acho que nunca me senti tão feliz kkkk!
Beijos.
Nanda, fico muito feliz quando alguém relata a importância de River em sua vida. De alguma forma, isso me faz sentir que ele nunca será esquecido. E você descreve isso lindamente. :)
ExcluirE, afinal, este blog só faz sentido por isso, para que a legado dele seja preservado e (re)conhecido por mais e mais pessoas, algumas das quais nem eram nascidas quando ele se foi. Então, que bom que você tem aproveitado seu tempo aqui.
Sobre ele ter ido a POA, também foi uma surpresa para mim quando descobri esta matéria porque, na época, a visita dele foi tão secreta que só publicado que ele esteve no Brasil pra ECO 92 e que fora até a cidade natal do Milton, em Minas. Achei muito interessante ele ter levado fitas das bandas daí, e isso ter chegado ao Michael Stipe! Será que os caras da banda ficaram sabendo disso??..rs..
Beijos.
Como te entendo, Nanda..
Excluirfemme me diga uam coisa, a musica de R.E.M. - Find The River
ResponderExcluiré em homenagem a river ou não?
Creio que não, nunca vi o Michael Stipe falando sobre isso.
Excluirriver entrevistando flea
ResponderExcluirhttp://www.youtube.com/watch?v=_Ac9DpeB-xM
Eu adoro James Franco, e quase tudo que ele faz! além de ter uma personalidade muito interessante (ao meu ponto de vista). Já tinha lido sobre esse filme dele, quem dera se tivesse acesso...
ResponderExcluirEu adoraria que o filme editado por ele fosse lançado comercialmente, pelo menos em DVD. Mas não acredito que será, algum dia, porque Joaquin não concordaria com isso. Se ele pediu que a versão longa não fosse mais exibida, imagina ter mais exposição ainda, né? E James Franco não faria nada contra a vontade dele.
ExcluirE Femme, eu te amo
ResponderExcluirÔ,Lucas, que lindo... me too. <3
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