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sábado, 12 de dezembro de 2015

"Lendas das Telas: River Phoenix" (Cherwell/2015)


Patrick Oisin Mulholland lança uma reflexão sobre a tragicamente curta carreira do ícone adolescente




Por Patrick Oisin Mulholland,

O "James Dean vegan". É assim que a cultura popular prefere lembrar River Phoenix, se é que o faz. 

Em outros tempos galã teen, músico e indicado ao Oscar (Melhor Ator Coadjuvante em Running on Empty, 1988), hoje em dia sua memória é um adendo, embora interessante - uma nota de rodapé para a biografia de seu irmão mais novo, Joaquin. Mas River foi mais do que isso, muito mais.  

Em vinte e três curtos anos que ele viveu uma vida enchendo cada "implacável minuto com sessenta segundos do valor da distância percorrida." [N.T.: citação de um poema de Rudyard Kipling] Apenas mais uma estrela infantil destruída dos anos 1980?  

Dificilmente, e essa é a verdadeira tragédia: que alguém tão cheio de vida, tão sintonizado com o pulso e o ritmo do mundo em torno dele poderia ser reduzido a um par de linhas em um obituário e um "você se lembra quem" em recortes de artigos na parte de trás de revistas.

Nascido e criado em uma família de hippies, River teve uma infância incomum, para dizer o mínimo. Filmes como A Costa do Mosquito (1986) encontraram um paralelo improvável em sua própria educação ao lado do culto controverso "Os Meninos de Deus", e cantando nas ruas de Caracas, na Venezuela.  

No entanto, foi o clássico sobre amadurecimento Stand by Me (1986), e o desempenho desarmante de River como Chris Chambers, que marcou o início de sua ascensão à fama. A partir de então, o ativista da PETA mudou-se de vento em popa, não satisfeito em receber seus cheques de pagamento, mas em fazer filmes - filmes que significavam alguma coisa.

Falando para Charlie Rose, Ethan Hawke diz como "My Own Private Idaho (1992) estabeleceu o padrão para os jovens" que estavam construindo uma carreira para si próprios. Este filme independente e atrevido, a história de um garoto de programa, gay e narcoléptico se aventurando em busca de sua mãe perdida, foi uma escolha corajosa de River.  Isso cantou de promessa, apesar de promessa interrompida

É verdade, o brilhantismo de River nunca foi totalmente realizado - nem na música nem nas telas do cinema. No entanto, é a sugestão - aquela idéia do que poderia ter sido - aqueles brinquedos da nossa capacidade indispensável para admirar, que nos leva a formular a questão: "E se?" 


Fonte:  Cherwell, em novembro de 2015

sábado, 5 de dezembro de 2015

River Phoenix: A Última Entrevista (SET/1993) [Final]




Por Jean-Paul Chaillet,

PARTE FINAL

P:  Você citou a questão atômica e vários atores emprestam suas vozes para passar qualquer tipo de mensagem.  No seu caso, existe uma certa aura de anonimato à sua volta e, excetuando-se as capas de revistas adolescentes, a gente não  lê nem ouve muita coisa sobre você...

RP:  Eu sempre tive a impressão que poderia fazer alguma diferença, que eu poderia influenciar se usasse esse orifício que tenho na cabeça para me comunicar com as pessoas através da mídia. Eu via a mídia como arma, mas na verdade eu sou a arma. 

E acho que eu era ingênuo em pensar que o que você diz pode ser tomado de uma maneira didática.  Na verdade, por que eu estou apreendendo todo o tempo. Então eu tentava dar entrevistas, não é? Mas eu vejo as coisas de outra maneira.  Por que se existe alguém cujo trabalho eu respeito é Gary Oldman, e não foi por que li em alguma revista. O que me faz pensar que ele seja independente disso.  Harrison Ford também é independente de assuntos políticos e se mantém fora das publicações.  E, para falar a verdade, quem quer ouvir a opinião de artistas sobre assuntos que podem ser lidos nos jornais? 

Quando tenho que falar de um assunto muito importante, sinto que doutrinar o público, principalmente se esse é jovem e pouco informado, não é uma coisa errada.  No passado, falei muita besteira, muitas coisas que no dia seguinte mudei de ideia, muitas vezes eu era um personagem nas entrevistas. Falei muita coisa em tom sério que não passava de brincadeira.  Fazia isso como um laboratório, uma espécie de queda de braço com a imprensa. Mas agora não estou mais interessado nesse tipo de atitude. Gostaria de ser mais minimalista e dizer apenas o que tenho certeza. E além disso, sou uma pessoa muito simples. 


P:  Você não mora em Hollywood, e para uma pessoa que precisa trabalhar lá é necessário saber lidar com quem vive nela – os agentes, produtores, saber negociar. Existe algo que você precisa negociar?

RP:  Sim. Você tem que negociar o tempo inteiro. Existem pressões e uma série de expectativas sobre sua carreira. E as pessoas na indústria de cinema espalham boatos. Eu não pergunto a opinião das pessoas e realmente não me importo.  Não estou aqui para benefício da minha carreira ou da minha conta bancária. Eu só gostaria de ser inteligente e não gastar muito dinheiro. Mas não tenho nenhum plano de carreira, vou lendo os filmes e se alguma coisa me atrair, então ótimo. Por isso, a única estratégia por trás de The Thing Called Love é que a historia tinha que ser  um espécie de paradoxo depois de Garotos de Programa.  Eu quis que fosse assim porque seria bom ser ouvido no Meio Oeste e no Sul, onde meu personagem anterior não era bem visto.




P:  Em Garotos de Programa você faz um personagem que não era abertamente gay, mas... por outro  lado...

RP:  O problema não era tanto pelo que o sujeito era, pelo menos para o mercado negro. Não é ilegal ser gay; prostituto é. Esse é um campo onde uma série de pessoas tende a confundir o personagem com você. Sob o meu ponto de vista, tanto faz. Mesmo se eu fosse igual.  Mas existem certas distorções quando se representa um papel que pode limitar a existência de outros personagens que também têm que ser ouvidos. Sabe, eu não me preocupo com auto-imagem.
 
P:  Nas próximas semanas serão iniciadas as filmagens de Entrevista com o Vampiro. Temos aí o exemplo de um filme que nem começou e já tomou conta do noticiário, por causa da escolha do elenco. Isso o está perturbando?

RP:  Não, por que eu nem o vejo como um filme no qual eu vá tomar parte.  Eu não vou fazer um filme. Como você sabe, eu vou receber o meu diploma de jornalismo.  Vou acompanhar algumas entrevistas, vou ver esse burburinho todo, vou tentar chegar ao fundo disso tudo. É assim que eu estou tratando as coisas. Quando chegar no final é que eu vou saber. Não tem nada a ver com o planejamento de uma carreira. E eu tenho um grande respeito por qualquer um com quem eu venha a trabalhar. E desejo toda felicidade a eles.

P:  Você disse que não assiste a muitos filmes. Não é importante para você, como ator, tomar conhecimento do que é produzido a sua volta?

RP:  É bom saber o que tem sido feito, dos bons, pelo menos pela mídia. Não são todos, mas a maioria, os óbvios, não passam de poluição mental. E eu realmente não quero contaminar o meu trabalho, a minha maneira de pensar, com coisas que não irão acrescentar nada a minha interpretação. Nessa era da comunicação, você tem que ser seletivo.

P: Você está desenvolvendo algum projeto próprio?

RP:  Sim, está no papel. Algo que me é muito querido, mas que não comecei direito. Espero acabar de escrever e fazer esse filme nos próximos anos. Alem disso existem outros pequenos projetos.   

P:  Você perdeu a ingenuidade? Quando apareceu não passava de um garotinho.
 RP:  Não era ingenuidade. Era mais ignorância, não sabia das coisas. E falava o contrário do que estava pensando. Pensava que eu estava falando a verdade e... Mas eu vou apreendendo com o tempo. Tentativa e erro. Ultimamente tenho evitado falar a verdade quando pode sugerir algo negativo, manipulável. Estou tentando parecer otimista e educado.        


Fonte: Revista SET, em novembro de 1993
 

sábado, 28 de novembro de 2015

River Phoenix: A Última Entrevista (SET/1993) [Parte 2]




Por Jean-Paul Chaillet,

PARTE 2

P:  Mas você apreendeu alguma coisa com esse personagem (de Dark Blood), que nunca havia vivenciado antes?

RP:  Nunca fiz uma pesquisa tão profunda. De certa forma, fui educado dentro da era atômica e o que aconteceu nela sempre me interessou.  Sempre considerei  isso como “cuspir nos olhos do Senhor”... é uma maneira de falar. Como se o átomo fosse o derradeiro tabu. É como dizer dane-se – foda-se – para toda a criação, para tudo que permite que a vida exista. Romper um átomo é romper todas as regras, mas o tipo de pesquisa e a quantidade de informação que tive fizeram com que eu adquirisse um conhecimento mais profundo sobre esse tópico.

P:  Como um diretor reage quando você apresenta essa quantidade de pesquisa? Ou seja, existem os que ficam surpresos ou apavorados? Como Sam Shepard (com quem trabalhou em Silent Tongue) ou Gus Van Sant reagem? Quero saber se ficam surpresos, se te encorajam a fazer isso.

RP:  Bem, não é sempre que eu conto para eles. Acaba funcionando como uma espécie de subsidio.

P:  Porque... eu não sei se você assistiu a Kalifornia (com Brad Pitt e Juliete Lewis)...

RP: Não. Eu não assisto a filmes.

P:  Quero dizer, você começa a ver o desvio psicológico de certas pessoas e o que a sociedade pode fazer com elas, como os afeta. Mas até que ponto seu personagem é violento, como mergulha nesse lado.  Até onde vai?

RP:  Ele não é violento, apenas um absolutista e quando vê algo, caminha até o lugar e tudo que estiver no caminho tem que sair da frente. Ele vai pedir para que saia e, se isso não acontecer, cuidará de remover ele mesmo, para chegar onde precisa chegar porque, se não fizer isso, estará abandonando as suas convicções e a sua razão de viver.

P:  Como ele sobrevive no dia-a-dia?

RP:  Ratos, serpentes, água da chuva, qualquer coisinha que passe por ali, e ele beberá o seu sangue, ou aprenderá seu jogo ou...

P:  Você tem alguma aversão por essas coisas? Há uma cena em que você traz amarrados vários ratos e cobras e você está pisando em...

RP:  Se eu tenho aversão ou se o personagem tem aversão? Se eu tenho  aversão a alguma coisa? Bem, como eu não vivo da terra, com eu não estou na cadeia natural de alimentação, eu não me sinto no direito de tirar a alma de qualquer coisa viva. Acho presunção pensarmos que temos esse direito; que eu tenha, pelo menos.



P: Você é vegetariano?

RP:  O que isso significa exatamente?

P: Você não come carne vermelha ou frango?

RP:  Eu não como nenhum animal. É duro para mim ir a um supermercado e comprar alguma coisa que eu não tenha matado. Se eu vivesse no Alasca, estaria comendo peixe; mas eu não vivo lá.

P:  Você está satisfeito por ser ator? Trata-se de algo em que você pensa? O que vem primeiro é o prazer, a pesquisa, o processo intelectual?

RP:  Bem, quando você olha a galeria de personagens, de filmes, ou de qualquer outro meio de expressão, nota que existem buracos e elos perdidos e aquilo que eu mais gostaria de fazer e aquilo que eu não sou capaz de fazer é a combinação ideal.  Embora seja difícil fazer qualquer coisa que seja efetiva nesse sentido, meu objetivo é falar por esses personagens que ainda não foram interpretados.  Existem bolsões no tempo que ainda não foram identificados.  Existe a gravidade que ainda não entendemos completamente e cada pequeno avanço que fazemos, seja na ciência, na matemática ou psicologia humana, nos aproximamos de um quadro cada vez maior.  Acredito que exista uma quantidade enorme de ideias e de personagens que ainda não tiveram voz.  Se eu puder ser essa voz, ficarei feliz. Essa é  concepção que eu possuo do prazer, a oportunidade de chegar a algo que nunca foi alcançado anteriormente, conseguir isso, não para ser original ou para ser o primeiro. Mas por que é preciso ir cada vez mais longe,cobrir um terreno sempre maior.

P:  E está cada vez mais difícil encontrar esse tipo de proposta a que você se refere, não?

RP:  Bem, eu posso repetir o mesmo papel várias vezes e fazê-lo de milhões de maneiras diferentes.  É infinito. Assim como existem incontáveis átomos no meu corpo, tantos são os personagens a serem interpretados.

P: Você se sente satisfeito com o trabalho de ator que vem realizando? Você o considera representativo?

RP:  Honestamente, eu não raciocino sob o ponto de vista de carreira e quanto mais eu vou seguindo, mais me sinto perguntando “o que está havendo?” Sinto muito. Eu realmente não alimento ideias retrospectivas sobre minha carreira e evito  pensar em mim mesmo como um ator.  Eu sinto como se cada experiência, cada projeto em si fosse  uma vida diferente, como uma reencarnação. Por isso quando eu olho para um de meus filmes, eu não sinto que devo merecer crédito por ele, não consigo nem ser muito critico nem benevolente, por que trata-se de uma coisa inocente.  É passado e eu não tenho nenhuma relação. Não posso ter crédito por que não era eu; eu me dei para uma outra vida e aquele personagem fez o resto. É ele quem está falando através de mim e não eu por ele.

P:  Eu queria saber se você é capaz ou teve sucesso em manter-se dividido.  Se em algum momento as duas partes (personagem e astro) emergiram juntas.

RP:  Absolutamente, absolutamente. Quer dizer, eu entendo que é inerente a esse tipo de trabalho o status de celebridade, o status de estrela, seja lá o que for isso.  Eu não sou um “performer”, não sou nem mesmo um ator. Eu me sinto mais como uma energia capaz de transformar qualquer coisa.
 
Continua...


Fonte: Revista SET, em novembro de 1993

sexta-feira, 20 de novembro de 2015

River Phoenix: A Última Entrevista (SET/1993) [Parte 1]


Esta entrevista foi feita no set de filmagem de "Dark Blood", de George Sluizer, em 19 de outubro de 1993, em Utah.  Quando River Phoenix faleceu, pouco menos de duas semanas depois, o filme estava incompleto e, com a sua morte, foi cancelado. Nesta conversa com o correspondente da revista francesa Première em Los Angeles, o ator inicia com a seguinte frase: “Na verdade, eu não gosto de dar entrevistas, a não ser a trabalho”. Apesar disso, falou compulsivamente, e, tropeçando nas ideias, revelou seu lado místico, suas impressões sobre o mundo e seus sentimentos em relação à carreira de ator. Premonitoriamente, ao falar do seu trabalho seguinte, "Entrevista com o Vampiro", Phoenix disse que não o sentia como um filme no qual iria participar.  A seguir, a ultima entrevista do ator, publicada com exclusividade por SET.

* Agradecimento especial a Whether Phoenix, que me enviou a entrevista (que só tenho no meu exemplar da revista) neste formato! Valeu!
 


Por Jean-Paul Chaillet,

PARTE 1

P: O que mais o atraiu em Dark Blood?
 .
RP: Acho que o que mais me envolveu nesse script  foi a história do homem branco trazendo a sua assim chamada, civilização, para uma terra virgem, o processo de adulteração.  O que é o progresso e o que é a quebra de átomos, essa encruzilhada... Foi muito simbólico para a América, sabe, ser a primeira a... você sabe, a explosão nuclear.

P:  Onde foi?

RP:  Em Los Alamos, Novo México, e é uma das coisas mais interessantes... Eu li "American Ground Zero", o livro que justifica isso. Tudo bem. Eles iam esperar que o vento soprasse em direção de Utah, onde estamos agora, iniciando testes nucleares à noite.  É impressionante quando você vai pesquisar isso tudo. George (Sluizer, o diretor) encontrou um monte de questões interessantes. Mas a principal razão que me levou a trabalhar nesse filme foi por que eu senti que era um aspecto importante do debate.

P:  Você ainda é relativamente muito novo, 23 anos... Mas seus filmes A costa do Mosquito, Quebra de Sigilo, O Peso de Um Passado lidam com temas sociais ou políticos e procuram passar uma mensagem. Você se vê como um ator que tem interesses mais profundos?

RP:  Eu não acredito que exista alguma regra a priori. Eu chego aos assuntos através do que vou lendo, e quando sinto que podem dar um bom script, isso me inspira. Escolho pelo que leio. É uma seleção individual.

P:  Alguns atores da sua geração (detesto dizer isso) fizeram filmes apenas de apelo comercial, que renderam boa bilheteria.  Suas escolhas parecem estar bem longe disso.

RP:  Eu acredito que muitos dos filmes poderiam ter sido um grande sucesso... se eu não estivesse neles. E eu arruinei aqueles que poderiam ter feito uma boa carreira.



 
P:  Eu quero dizer que eles fizeram filmes de apelo adolescente ou algo nessa linha.

RP:  Bem, eu fiz um filme chamado A Thing Galled Love (“Um Sonho, Dois Amores”, dirigido por Peter Bogdanovich). O filme era para ser um grande estouro, aquela visão caipira orgulhosa, aquele country genuinamente norte-americano; mas por causa da minha influência, do meu trabalho, da reestruturação dos diálogos, das pessoas que eu trouxe para o filme... – a música, o produtor, assim como outros aspectos... Você sabe, Dermot Mulroney e Antony Clark (que interpretam os personagens Kyle Davidson e Billy, respectivamente) mudaram o filme drasticamente. A Paramount não está muito feliz comigo por que a coisa toda seria um sucesso ao invés de um drama intimista. Não é o melhor script de todos, mas eu tinha visto alguma coisa nele e portanto dei duro, procurei torná-lo uma historia com personagens e não algo vago.
 
P:  Sua personagem no filme atual (Dark Blood) é um tipo solitário. Como você o descreveria?

RP:  Como uma pessoa que é minimalista e busca refugio em espaços abertos. Ele tem uma visão limitada do mundo.

P:  Ele é místico? Tem uma visão mística?

RP:  Bem, ele foi apanhado pela cultura nativa norte-americana, pela população indígena, é conseguiu passar por provas, tornando-se um irmão de sangue, em essência, adotando suas crenças, apreendendo o segredo sagrado da fabricação de bonecas, o que é especial, pois não se permite que homens brancos façam Kachinas. É um segredo tribal muito bem guardado, mas que lhe foi revelado por que ele havia passado pelas provas e seus únicos amigos eram os índios ali da terra e –  eu acho  que ele sentia a injustiça na pele, aquilo tudo que as populações nativas haviam passado, toda a exploração e agora esses testes nucleares contra uma população que não tem a menor ideia do que era energia nuclear e muito menos suas consequências. Isso o fez rebelar-se contra  o governo, toda essa injustiça.

P:  Mas tudo isso estava no script ou foi você quem sugeriu e discutiu e...

RP:  Bem, quero dizer, todo esse background que eu te mostrei eu havia escrito e – bem, é algo que você não vê no filme, mas foi de onde parti para melhor descrever. Eu faço a biografia de cada personagem porque acho que é a única maneira para você se ater às referências dos personagens.

P:  Mas você costuma fazer isso com os papeis menores, como em Quebra de Sigilo?

RP:  Claro. Sempre.

P:  Você escreve tudo aquilo que vem com o personagem?

RP: Bem, eu escrevo um monte de coisas. Não esqueço o que penso. Tenho uma memória muito boa. Portanto, em alguns casos basta ficar lembrando e repetindo aquilo na cabeça como se estivesse lembrando-se da infância. Se você escreve muito sobre certos personagens, acaba ficando muito tediosos e impróprio. Em Garotos de Programa eu escrevi muito.

Continua...


Fonte: Revista SET, em novembro de 1993

sábado, 31 de outubro de 2015

Homenagem – PETA: "The River Phoenix Humanitarian Award" [2015]


Hoje, no dia em que relembramos a partida de River, nada de tristes despedidas! O melhor modo de homenageá-lo é refletir e comemorar o belo legado que ele deixou ao mundo! Vida longa a River Phoenix!! LOVE YOU, FOREVER!


 
Em 01 de outubro de 2015


Em 30 de setembro, a PETAPeople for the Ethical Treatment of Animals (Pessoas pelo Tratamento Ético dos Animais), homenageou o falecido ator River Phoenix, nomeando um prêmio com o seu nome. O prêmio é intitulado "The River Phoenix Humanitarian Award" e foi apresentado pela primeira vez no evento de aniversário dos 35 anos da PETA!

 Joaquin Phoenix se reuniu às suas irmãs Rain Phoenix, 42, Liberty Phoenix, 39, e Summer Phoenix, 36 - e a sua mãe, Arlyn Phoenix, 70, em uma festa de gala da PETA para homenagear a vida de River com um prêmio especial nomeado com o nome dele!
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A família Phoenix estava de mãos dadas na festa de aniversário da PETA em Hollywood e falou com carinho sobre a dedicação de River pela defesa dos direitos dos animais ao apresentar o primeiro "The River Phoenix Humanitarian Award" recebido pelo cineasta Shaun Monson.

A mãe de Phoenix, Arlyn, elogiou River por seu trabalho humanitário durante o seu discurso, dizendo: "Ele assumiu a responsabilidade pessoal por suas crenças, tornando-se vegan ... Ele inspirou não só a nossa família, mas o mundo."

Antes de seu fim trágico, River era um ativista declarado da PETA e conquistou o seu Prêmio Humanitário em 1992 por seus esforços de angariação de fundos. River teve ainda uma canção no álbum beneficente do PETA, "Tame Yourself", de 1989. Ele foi um vegan ao longo da sua vida.

Em 28 de setembro, o Twitter da PETA relembrou sua festa de aniversário de dez anos, que contou com a participação de River Phoenix:

 
A PETA também postou no Twitter, em 30 de setembro:

"A verdade da família Phoenix.



 [VÍDEO]  ENTREVISTA DE RIVER NO "ROCK AGAINST FUR" (PETA, NY, 24/02/1989)





 

terça-feira, 8 de setembro de 2015

"Atuação final de River Phoenix eleva esta sincera ode à música country": A.V.Club/2015

The Thing Called Love (1993)

 
Por Nick Schage


À primeira vista, The Thing Called Love de Peter Bogdanovich é uma coleção de clichês piegas. A história, estereotipada quando surge, diz respeito a uma menina de Nova York chamada Miranda Presley (Samantha Mathis) que abandona a Big Apple por Nashville, onde seus sonhos de ser uma estrela da música country são complicados por seu romance com o ladino James Wright (River Phoenix) e sua amizade com o compositor Kyle Davidson (Dermot Mulroney). 

Em partes iguais, esta saga sobre triângulo amoroso e amadurecimento, é um compêndio de altas travessuras patetas e coloridas personagens coadjuvantes, estas últimas lideradas por Sandra Bullock como a efusiva melhor amiga de Miranda, Linda Lue Linden, que conta todos os seus segredos para seu cão e tem um obediente namorado apaixonado (Anthony Clark), que funciona como seu verdadeiro segundo animal de estimação.
 
No entanto, se a narrativa é de um estar presente, feito com persuasão, isto é, em última análise, deliberadamente como Bogdanovich trata seu material como uma música country, ou seja, como um retrato de corte, desgosto, e autorrealização, cuja seriedade ajuda suas situações familiares e emoções a soarem como verdadeiras.

Para um conto sobre artistas que lutam para abrir caminho para o Grand Ole Opry e além, as canções reais  de The Thing Called Love são uma decepção, que se confrontam comfantasia primordial do filme sobre pessoas encontrando a sua voz metafórica - e, portanto, seus caminhos na vida, e da felicidade, através da música.

No entanto, as performances raramente vacilam, com Mathis exalando charme como Miranda, e Bullock exibindo uma luz, uma energia jovial que ajuda a vender o traçado banal e sentimental, o que inclui sequências envolvendo Kyle tentando subir a bordo de um trem em movimento e James propondo casamento a Miranda em uma loja de conveniência (seguido pelo casal realmente se casando). 

Principalmente, porém, The Thing Called Love continua a ser um lembrete do potencial ainda inexplorado do falecido Phoenix. Em sua última performance cinematográfica concluída antes da overdose fatal em outubro de 1993, Phoenix engrandece até mesmo as situações mais bobas com uma mistura equilibrada de sensibilidade e arrogância. No processo, ele oferece um vislumbre final do carisma magnético que fez dele uma estrela. 


Fonte: A.V. Club, em 20 de abril de 2015

domingo, 30 de agosto de 2015

River Phoenix by Michael Tighe: L'Oeil De La Photography/2015


                  River_12


Eu conheci River Phoenix em 1990, em Gainesville, Flórida. Eu tinha voado de New York City. Eu estava fotografando-o para uma revista. Eu não me lembro qual. Sua família tinha um belo pedaço de terra selvagem na borda de um pântano. Eu fiquei lá por dois dias. Nós fumamos maconha, bebemos cerveja, subimos na sua casa na árvore, balançamos em uma corda, saltamos em seu trampolim e fomos em uma caça ao jacaré só para manchar um e nós fizemos isso. À noite, ele e sua banda se reuniram e arrasaram.  

Foi essa maravilhosa espécie de divertido momento de Peter Pan  que nós tivemos muito longe de Hollywood. Três anos mais tarde, a revista Detour entrou em contacto comigo para fotografar River para sua capa. Pelo menos eles queriam fotografá-lo, mas não conseguiram levá-lo a concordar. Eu estava vivendo em Los Angeles e River estava lá filmando o último filme que ele completou "The Thing Called Love".

A [revista] Detour me pediu para fazer isso acontecer sabendo que eu o conhecia. Quando alcancei River no telefone, ele me perguntou se poderíamos tirar fotos, mas não para nenhuma revista, apenas por diversão. O que é, provavelmente, o gesto mais legal que alguém já fez para mim. Eu lhe disse que adoraria, mas poderia ser um pouco estranho neste momento. Prometi a ele a fotografia teria uma concepção muito simples, e não uma produção sobre uma celebridade top. Ele concordou. Por causa de seu cronograma de filmagem tivemos que filmar à noite.

Quando ele e sua namorada na época, a atriz Samantha Mathis, sua co-estrela em "The Thing Called Love", chegaram ao estúdio, eu percebi que ele parecia muito esgotado e um pouco irritado. Ainda era muito bonito, mas o garoto despreocupado que eu conheci na Flórida parecia magro, suado e sua pele estava muito estourada. Foi uma grande mudança. Ele ainda era, porém, extremamente delicado, um espírito de bom coração e carinhoso. 

Quando eu posicionei River na frente da câmera, depois de colocar um pouco de maquiagem nele e escolher qual roupa que ele usaria, eu vi alguma coisa acontecendo com seu rosto que eu sabia ser o efeito de narcóticos. E isso meio que me chocou. Não via isso há muito tempo. Eu tinha sido dependente de heroína durante 8 anos quando jovem e é isso que acontece com a sua rosto, seus músculos ... quando todas as suas características parecem estar apenas penduradas flácidas em seus ossos. E isso é muito do que eu reconheci com River. Isso vem e vai, não é uma coisa constante, mas era muito óbvio para mim. 

A sessão em si foi uma das experiências mais marcantes que já tive fotografando alguém. River foi suspreendente e destemido e sem que eu tivesse de direcioná-lo muito, mais como tentando acompanhá-lo, ele passava de uma pose incrível para outra como um grande bailarino da improvisação. E continuou indo e indo ... tão angelical, às vezes, e, em seguida, furioso comigo para acompanhá-lo ... "Pegue esta! Agora isso! O que mais podemos fazer?" 

Nós nos envolvemos nisso até cerca de 2 ou 3 horas da manhã. As últimas fotos que fizemos foram dele e Samantha. Eu fiz a sessão em junho de 1993. Foi sua última sessão formal de fotografia. River faleceu em outubro de 1993. Logo após a sessão, eu fui contratado pelos produtores de "The Thing Called Love" para fotografar no set por duas semanas. Essa foi a última vez que eu vi o doce River.

Michael Tighe


Fonte: L'Oeil De La Photography, em 20 de março de 2015  
 

domingo, 23 de agosto de 2015

Happy Birthday, River!


"Happy Birthday, River! 

Eu sempre te amarei e levarei você comigo, onde quer que eu vá...

I LOVE YOU SO MUCH!"


Aqui, um pequeno trecho do documentário  "My Own Private River" para trazer a este dia lembranças felizes...


sábado, 31 de janeiro de 2015

Ethan Hawke fala sobre River Phoenix




"River era uma daquelas pessoas que têm uma estranha magia brilhando em torno delas; ele poderia deixá-lo louco, ou fazer você se apaixonar por ele, às vezes no mesmo minuto. Lembro-me de saber que ele era especial quando, nos primeiros dias das filmagens de Explorers - estávamos hospedados em um hotel fora de San Francisco,  eu o vi praticando o andar de seu personagem no estacionamento, em uma manhã, antes das filmagens começarem. Comportamento incomum para um adolescente de 13 anos. Ele tinha uma grande e bela família, e foi o primeiro vegetariano que eu conheci na vida." [www.reddit.com, em junho de 2013]

"Eu nunca me senti mais comum na minha vida. Sabe, por incrível que pareça, eu vi o filme Amadeus enquanto estávamos filmando Explorers, e eu desmoronei em lágrimas assistindo esse filme, com 14 anos, porque eu me senti tão parecido com Salieri ...[N.T.: No filme 'Amadeus', Salieri, um grande músico, relata a relação de imensa admiração e inveja que ele sentiu, por toda sua vida, do genial Mozart, para ele um 'abençoado pelos deuses']

Eu me lembro da primeira vez que nos hospedamos em um hotelzinho enquanto estávamos filmando, e eu olhei pela janela e lá estava este menino de 13 anos, treinando o andar, ele ia a pé para um lado e ele ia a pé para o outro lado, e eu pensei, "Oh, eu aposto que o garoto que está interpretando Wolfgang", sabe.  E eu fui até ele e perguntei o que ele estava fazendo, e ele disse que estava tentando descobrir como Wolfgang [seu personagem em Explorers] andava, e daquele momento em diante ele esteve sempre à minha frente. "O que quer dizer com 'como é que ele anda?'" Ele respondeu: "Bem, ele não tem que andar como eu, ele poderia andar como outra pessoa." E eu jamais teria pensado nisso." [New Statesman, em janeiro de 2015]

"Está tudo bem, está tudo bem, mas é difícil. Eu me lembro quando River Phoenix morreu, ele estava à minha frente nesta curva. Ele meio que percebeu o quão difícil era para fazer filmes sérios. Pessoas como Sidney Lumet descobriram como caminhar nessa linha, mas é difícil. E isso exige paciência. É o trabalho de uma vida e eu me pergunto se estou à altura da tarefa." [The Talks, em maio de 2012]




"Eu perdi dois dos grandes heróis da minha vida para a heroína. Philip Seymour Hoffman  e River Phoenix são dois dos maiores atores da minha geração. É muito raro você realmente pensar em um ator como artista, mas River, apesar de ele vivido um período de tempo tão curto ... ele era um poeta, sabe. Ele era a coisa real. E assim era Phil. Esses caras, ambos foram verdadeiras inspirações para mim, e é realmente triste ... Eu só estou tentando entender tudo isso." [The Guardian, em novembro de 2014]


"Eu acho que, se você observar o relacionamento da comunidade com os direitos de gays e lésbicas, o que representa isso hoje e o que representava quando eu comecei a atuar, é realmente interessante. Quando eu comecei a atuar, um dos meus primeiros trabalhos foi com River Phoenix. E River prosseguiu depois de Stand By Me para se tornar um ídolo teen completo. Fiquei tão enciumado. Ele era um cara tão legal, galã, e ele por acaso também era extremamente talentoso. E as pessoas não podem acreditar no quanto foi um ato de coragem para ele fazer My Own Private Idaho. Ele era um ídolo teen por quem as mulheres estavam apaixonadas, e ele foi e interpretou um jovem gay neste filme. E eu me lembro da comunidade de atuação comentando tipo, "River está fazendo o quê?! Ele não pode fazer isso!" Como, jura?! Quer dizer, ele foi muito corajoso. E agora isso está em todo lugar. Agora ninguém é definido por isso. Muitas pessoas interpretam personagens gays."  [www.america.aljazeera.com, em janeiro de 2015]