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quinta-feira, 9 de agosto de 2012

River Phoenix entrevista Gus Van Sant: "Meu diretor e eu" [Parte 3]

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River Phoenix entrevista Gus Van Sant: "Meu diretor e eu"- Interview/91 


PARTE 3

Em uma van viajando para o local

RP: Eu tive um jantar tailandês no outro dia com algumas mulheres sobre esta filmagem. Neste filme, eu estive ao redor de um monte de meninos, mas pra variar eu gosto de estar com e ouvir as mulheres falarem sobre o que elas fazem. E eu comentei com você depois: "Bem, eu tenho uma fofoca sobre uma fofoca para você. E, sem mencionar nomes, mas essas duas pessoas estão tentando entender você.' E sua resposta foi: 'O quê? Sexualmente?' E essa era a primeira coisa. Mas, mais, eu acho, intelectualmente. Ou qual era o seu...

 
GVS: O que me faz prosseguir?

RP: Sim. Tentando descobrir o mistério Van Sant.

GVS: Isso é um mistério, no entanto? Veja, eu não tenho noção de que seja...

RP:  Eu sei, eu sei. Comigo ... eu sou da mesma maneira. Quer dizer ... hum, você apenas vive. Estamos todos apenas, tipo, vivendo, saindo, fazendo a nossa coisa.
 

GVS: Mas eu estou fascinado com o que elas disseram.

RP: Eu também. Foi totaltamente como um clichê.

GVS: Você pode dizer isso sobre este filme aqui.

RP: Oh, sim. Tudo retorna ao filme. Você mesmo disse: 'O que é Gus fazendo isso?' Te incomoda quando as pessoas tentam entender você?

GVS: Não, de todo, porque eu gostaria de me entender, na verdade.

RP: Sim, assim como eu gostaria de entender a mim mesmo. Então, se elas podem me dar uma pista, eu estou sempre interessado em ouvir.

GVS: Certo. Sim, eu estou praticamente no escuro sobre mim - Eu não fiz nenhuma psicoterapia. Eu não sei se isso iria ajudar. Eu não acho que há muito a ser descoberto. Eu acho que uma coisa sobre mim é que eu trabalhei muito duro desde que eu tinha doze anos, e eu não sei exatamente
por que. nas minhas próprias coisas, sabe, o que inicialmente foi a pintura.

RP: Você começou quando tinha 12 anos?

GVS: Yeah. Por um tempo durante a adolescência eu mergulhei no meu trabalho. Antes disso, eu era praticamente como um menino normal da
vizinhança. Então o meu próprio trabalho se tornou muito importante, mas é impossível descobrir que tipo de arte é que eu faço, porque isso progrediu. Você teria que acompanhar a progressão e dizer, 'Bem, ele fez esta peça porque isso aconteceu com ele."

RP: Certo. Mas eu estou surpreso com a arrogância exibida por pessoas que tentam entender você olhando para um pedaço de seu trabalho.

GVS: Bem, talvez haja pessoas no negócio que nunca escreveram ou dirigiram antes, então talvez seja mais fácil interpretar seu trabalho. Há uma coisa que alguém estava falando sobre isso, um diretor com quem tinha trabalhado - é uma fofoca, na verdade, - e que eles estavam dizendo, 'Ele ficou obcecado com esta atriz. Ele trabalhava durante dez horas apenas iluminando essa filmagem em que ela cruzava a porta.' Era como se fosse esse tipo de obsessão.

RP: Isso foi verdade. Eu ouvi sobre isso também.


GVS: Eu acho que é muito legal. Quer dizer, eu posso me tornar obcecado com alguma coisa, sabe. Até agora isso não aconteceu no meu trabalho, mas acho que isso poderia acontecer. Eu tendo a ser muito profissional dessa forma e me surpreendo se há qualquer suspeita desse tipo de coisa. É como as portas se fechando.




 

RP: Certo. Como você se sente sobre a maneira como as mulheres são retratadas no cinema atual?

GVS: É difícil para elas se reconhecerem, na verdade. Elas não são realmente retratadas em nada além de em um mundo de homens.

RP: Como você se sente sobre isso? Porque neste filme você tem esse personagem, Carmella, que é uma espécie de clichê feminino.

GVS: Sim, ela é um desses [clichês].

RP: Mas então você quer fazer Even Cowgirls Get the Blues, que vem a ser um dos primeiros livros ...

GVS: Traçando a noção de um herói do sexo feminino.


 RP: Certo, então você está fazendo isso, então equilibra isso. Algumas pessoas não saberão que você está fazendo isso quando assistir este filme e eu acho que não é nada demais, só que eu tenho tido uma espécie de curiosidade sobre mim mesmo. Não consigo imaginar ser atriz hoje. Se eu fosse uma mulher, eu não seria quem eu sou agora. Eu não teria tido a chance de crescer a este ponto. É um caminho realmente difícil para alguém chegar a ser como Sissy Spacek ou Meryl Streep.

GVS: Na maioria das vezes, [um filme] é de um ponto de vista do homem. Sabe, as personagens femininas são unidimensionais, objetos sexuais e pedaços de propriedade, e isso é o que Carmella é, porque ela é vista do ponto de vista dos personagens masculinos do filme. É como se ela fosse uma bonita peça de carne, sabe? Tipo, é muito inocente e vivendo o primeiro-amor, mas isso realmente não mostra o lado Carmella da história. Em Cowgirls, porém, você realmente não fica neste ângulo do objeto sexual, embora, ao mesmo tempo possa ter a sensação de que o escritor está vivendo em uma fantasia no terreno do objeto sexual. É uma espécie de outro mundo, uma cidade de mulheres. Então, ele tem a qualidade que não limpar isso completamente do ponto de vista do tipo da feminista que poderia pensar que homens mortos não estupram. Mas todo o projeto é um filme de grandes mulheres. É uma chance de fazer o remake final de The Women, o que é um belo filme de Cukor dos anos 1930. 

Continua...
 

Fonte: Interview Magazine, em março de 1991
 

9 comentários:

  1. Como vai Femme? em particular gostei mais desta parte da entrevista.Hoje quando quis comentar aquí, um vácuo tomou conta de minha mente,isso acontece quando o assunto é River(pois sou uma fã novata) sei que vou bancar a "tiete" e então começo a "cortar" o que queria dizer,espero um dia comentar de forma mais logica.Indo ao assunto :
    ...O River tem uma forma de colocar sua opinião,como poucos estudantes fazem,e eu digo isto com base em uma entrevista que lí aquí,onde ele diz que faz pesquisas,e gosta de ler sobre meio ambiente, estas questões ecológicas.Nesta enttrevista me chamou a atenção o momento em que ele fala sobre as atrizes do sexo feminino,veja bem,isto que ele disse a tanto tempo atrás,culminou no que vemos em qualquer filme hoje em dia.E eu vejo esta opnião dele como atemporal.

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  2. Oi, Jaqueline!

    O que acho ótimo nesta entrevista é que River pergunta a Van Sant, mas também responde às suas próprias perguntas. Então, acabamos tendo um vislumbre de seus pensamentos. Ele elabora uma resposta às próprias questões que lhe vêem.

    E eu concordo com você, as idéias de River são atemporais mesmo. São tão modernas hoje quanto eram há 20 anos atrás! É por isso que digo que River era um visionário. Ele era capaz de enxergar e alcançar aquilo que muita gente não vê ou alcança até hoje. E com seu talento e sensibilidade, ele conseguia transmitir isso sob a forma de um pensamento ou de um ato (uma cena de filme, por exemplo).

    Aliás, lembrei de uma entrevista já postada aqui (ele tinha uns 18 anos) em que ele defendia que era imprescindível encontrar uma tecnologia para evitar o uso do papel, e assim, evitar o corte de tantas árvores. Algo que, efetivamente, só veio a ser criado muitos anos depois, com a digitalização de documentos.

    Essa qualidade de River, de ser tão além de seu tempo é mais um dos motivos para lamentar sua partida tão precoce. Impossível deixar de se perguntar o que mais este genial artista nos legaria em tantas áreas, ainda? Nunca saberemos, mas uma coisa eu sei: sou tiete, fã, admiradora, seguidora e qualquer outra palavra que exista para expressar meu amor e admiração por este homem tão especial.

    Sinta-se livre para expressar-se como quiser aqui. neste cantinho só não vale ofensas a ele, o resto pode pôr na roda! ;)

    Beijos.

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  3. Ele ficou tão lindo com esse cabelo loiro,coloquei uma foto no celular pra olhar toda hora!

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  4. Olá Femme! Parabéns pelo seu blog, é maravilhoso!
    É incrível conhecer melhor uma pessoa tão fantástica, especial e talentosa como o River. Visito frequentemente
    o blog. Obrigada! Esperando ansiosa para outros posts.
    Bjos :)

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    1. Oi, Anna! :)

      Obrigada pelos elogios ao blog. Faço este trabalho com toda dedicação, como uma declaração pública de meu amor e admiração por River. Fico muito feliz por tantos fãs poderem conhecer melhor o River e seu trabalho através deste blog. É a maior retribuição que eu poderia ter. Obrigada por participar.

      E pode ter certeza que ainda teremos muito material pra compartilhar aqui. ;)

      Beijos!

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  5. Femme, aquela Samantha Mathis é simplesmente uma VACA!! Eu tava olhando um tumblr do River e tinha uma frase dela falando que ela aprendeu na vida dela que relacionamentos não valem a pena e nem mesmo River valia o tempo dela e que esse tipo de conversa estava a baixo das prioridades e ela não queria se aborrecer falando sobre isso!!!!! O QUE???? Não vou nem comentar...

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    1. Anônimo, vamos com calma. Existem milhares de falsas notícias postadas contendo mentiras escabrosas sendo reproduzidas por aí.

      A primeira pergunta que faço quando leio algo polêmico é: qual a fonte disso?

      A segunda é: esta fonte é confiável? Se não há fontes declaradas ou se foi publicado por um tablóide, eu não dou nenhum crédito a isso.

      E é isso que acontece neste caso, não há nenhuma comprovação de que Samantha Mathis realmente tenha dito tal coisa. Para mim, sem comprovação, nem merece discussão. Considero puro lixo de tablóides.

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  6. Que maravilhosa essa entrevista, Femme!!!!
    Uau, ñ me canso de ler.
    Obrigada por postá-la.
    Beijo grande

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    1. Aline S! :)

      Menina, toda vez que você vem aqui no blog lê algo, eu corro pra revisar e corrigir os erros de tradução, sabia?!...hahaha...

      Mas esta entrevista é histórica mesmo, muito legal também pelo fato de que River mesmo responde as próprias perguntas e, assim, nos permite conhecer um pouco mais sobre ele. Na verdade, eu gostaria muito de ter "ajudado" o River a se conhecer melhor falando sobre o tanto que ele mudou minha vida e deu sentido ao indizível.

      Beijão!

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