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quinta-feira, 23 de agosto de 2012

"O River Phoenix Que Eu Conheci: Relato Inédito de Lizzie Bravo" (com fotos exclusivas)


Esta postagem é dedicada a Aline Sodré, grande fã, que descobriu este tesouro em e com Lizzie Bravo, e, ambas, tiveram a generosidade de partilhá-lo com o mundo.  Lizzie e Aline, não tenho palavras para descrever minha emoção e alegria por este presente tão especial, neste dia especial. Obrigada em nome de todos os fãs!

Femme (Administradora do Blog River Phoenix Forever)

* Há uma versão em inglês escrita pela própria Lizzie Bravo logo abaixo. Basta rolar a página.


Sobre Lizzie Bravo:

Lizzie Bravo, carioca de  61 anos, já foi retratada como “a esperança de óculos” na canção “Casa no campo”, famosa na voz de Elis Regina e composta por seu ex-marido, o saudoso Zé Rodrix. Lizzie trabalhou como vocalista, fotógrafa e na área de produção com grandes nomes da música brasileira, como Milton Nascimento, Egberto Gismonti, Joyce, Naná Vasconcelos, Toninho Horta, e Zé Ramalho, entre muitos outros. Mas, talvez, a sua maior conquista tenha sido dividir o microfone com John Lennon e Paul McCartney na gravação de “Across the universe”, quando tinha apenas 16 anos, nos  estúdios da EMI em Abbey Road, Londres.

Por conta dessa façanha, Lizzie é muito conhecida e respeitada pelo fãs dos Beatles no Brasil e pelo mundo e citada em várias biografias sobre a banda.

Tudo começou quando Lizzie aos 15 anos, e já completamente fã dos Beatles,  pediu de presente para os pais uma viagem para a Inglaterra Quando finalmente conseguiu, foi para Londres e lá ficou um bom tempo (1967 a final de 1969). Desde a sua chegada em Londres, em Fevereiro de 1967, ela ia todos os dias aos estúdios de Abbey Road encontrar com os FAB4 juntamente com um grupo de fãs que ficava  por ali diariamente. Em 67 dava pra vê-los quase todos os dias, devido à quantidade de projetos nos quais estavam trabalhando. Esses encontros renderam muitas fotos, autógrafos e histórias exclusivas, as quais que ela anotou em um diário que está prestes a se transformar em livro - uma versão em português e outra em inglês -  cujo lançamento deve acontecer ainda este ano. 

Mas onde entra River Phoenix nessa história toda?

Lizzie foi uma das poucas brasileiras a ter conhecido River Phoenix e se encontrado com ele várias vezes nos anos 90. Isso porque, morando em NY, Lizzie era assistente do empresário do Milton Nascimento. Milton é seu amigo pessoal de longa data, tendo inclusive sido seu padrinho do casamento com o Zé. Ela esteve presente no 1ª encontro entre River e Milton acontecido em julho de 1990 na cidade de Atlanta (EUA) e em outros que vieram em seguida em Los Angeles e no Rio além de ter tido o privilégio de assistir ao show da banda Aleka’s Attic e fotografado o mesmo, em NY. Lizzie ficou amiga de Heart Phoenix, se encontraram na Eco 92 aqui no Rio, e até hoje mantém contato com ela.

Lizzie nunca partilhou estas histórias antes. Ela tem as melhores lembranças de River e de sua família e dos momentos que passaram juntos. Ela gentilmente aceitou o nosso pedido de compartilhá-los com a gente, que nos deixou imensamente gratas e animadas. Afinal, ter acesso a inéditas - e divertidas - histórias sobre River Phoenix quase 20 anos após sua morte é realmente um presente para todos nós, fãs deste artista notável.

Portanto, aproveite este relato emocional da nossa querida Lizzie Bravo.


Aline Sodré


"O River Phoenix que eu conheci: um relato inédito de Lizzie Bravo" 

Em 23 de agosto de 2012 

Nos idos de 1990, quando morava em Nova York (de 1984 a 1994), num dia de trabalho no meu escritório caseiro no East Village, recebi instruções da nossa matriz em Belo Horizonte para entrar em contato com a Heart Phoenix. Eu representava o Milton Nascimento nos Estados Unidos e era assistente de seu empresário.

Eles queriam conhecer o Milton, depois de ouvir a linda música que ele fez pro River (ele assistiu "Stand by Me" - o Milton é um grande cinéfilo - e ficou impressionado com a atuação do jovem River). Nos comunicamos por telefone e fax para tentar uma data que fosse boa para todos. River estava filmando e Milton estava em turnê americana.

Finalmente ficou decidido que seria em Atlanta. O dia do show era 7 de julho de 1990, o local o Piedmont Park, e o evento o Atlanta Jazz Series. A platéia seria de 10.000 pessoas, aproximadamente.

Heart dirigiu até lá, com o River dormindo no banco de trás, e sua namorada. Quando chegaram, fomos nos encontrar na frente do hotel, o Wyndham, na avenida Peachtree. Essa foto de nós 4 foi dessa hora - nota-se a cara de sono do River!

Foto do primeiro encontro de River e Milton Nascimento, com Lizzie Bravo e Heart Phoenix



Quando entramos no hotel, o River pediu dinheiro pra sua mãe. Foi uma quantia irrisória, tipo 5 dólares.  Ela ainda perguntou se ele queria mais, mas ele disse que não precisava. Achei muito fofo! Um ator internacionalmente famoso que ainda se comportava como um menino diante da sua mãe.

O show começou ainda de dia, e River, sua namorada - se não me engano o nome dela era Susan - Heart e eu sentamos no gramado bem em frente do palco, numa área isolada para convidados. Tenho lindas fotos deles nesse momento. O River boquiaberto ouvindo sua música...

Depois do show, o River nos convidou pra jantar - eles três, o Milton e eu. Fomos a um restaurante que eu não lembro se era tailandês ou de que outro país, mas a mesa era redonda, tinha um pão bem grande, fininho, que ocupava a mesa toda, e umas comidinhas em cumbucas no meio. Você rasgava o pão, recheava com as comidas e comia - tudo com as mãos!  Eu nunca tinha ido a um restaurante assim, foi interessante.

Nos entendemos bem desde o primeiro encontro, conversamos muito, foi ótimo.  Depois fomos pra suite do Milton no hotel, onde River e ele tocaram violão.  Em algum momento o Milton não se aguentou e contou pra eles que eu tinha cantado com os Beatles. Pronto! Experimenta contar pra uma família hippie que alguém conviveu com os Beatles? O River fez várias perguntas e contei tudo pra eles com detalhes. Ficaram de queixo caído!

Mandei umas fotos que tirei dos Beatles pra ele pelo correio, e a Heart me disse que ele adorou.

(Parece brincadeira, mas levei um tempão procurando, achei TODAS minhas agendas, menos a do ano de 1990!)

No dia 10 de abril de 1991, o River deixou ingresso pra eu assistir um show do Aleka's Attic no bar Wetlands em Nova York. Eu fui, tirei fotos - tive que aguentar a cara amarrada das fãs dele, que não sabiam o que uma coroa estaria fazendo tão perto do palco tirando fotos - e depois do show o River me levou para uma mesa lá atrás e me fez um bocado de perguntas. Queria saber o que eu tinha achado do show, do som, de tudo.  

Fotos do show do Aleka's Attic em NY by Lizzie Bravo (1991)






Outro encontro foi num show do Milton em Los Angeles. Não tenho certeza, mas acredito que tenha sido logo depois do show em Nova York, em abril de 1991. Tirei muitas fotos.

A última vez que vi o River foi aqui no Rio, na casa do Milton, por volta de junho de 1992. A Heart cozinhou um banquete vegetariano, e meu irmão e eu fomos convidados. Foi uma noite muito agradável, boa comida e bom papo. O River me pegou pela mão e levou pro andar de cima, onde ele colocou os fones do seu Walkman nos meus ouvidos e botou uma música nova dele pra eu ouvir e dar opinião. Infelizmente, não lembro o nome. Fiquei lisonjeada dele fazer questão de me mostrar e pedir minha opinião.

Também estive com a Heart na Eco 92, aqui no Rio. Eu vim de Nova York como intérprete dos Beach Boys.

Mais fotos exclusivas (do Acervo pessoal de Lizzie Bravo)







Encontrei a Heart e membros da família mais uma vez quando Milton fez um show em Gainsville, no dia 22 de novembro de 1992.  River estava viajando.

A lembrança que tenho do River é de um jovem muito lindo, carinhoso, meigo e gentil. Foi um privilégio conhecer essa família tão especial. Sua morte foi um choque e uma tristeza muito grande, que perdura até hoje quando lembro dele.

Quando eu achar a agenda, vou procurar pra ver se tem mais alguma coisa, algum outro encontro que eu tenha esquecido de mencionar. E o resto das fotos, mais adiante quando meu livro estiver pronto eu procuro e mando pra vocês.

Beijos a todas/todos e vamos celebrar esse ser humano iluminado que foi River Jude Phoenix!

Lizzie Bravo


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English version
 

Lizzie Bravo, a 61-year-old Rio de Janeiro native, was once portrayed as “hope wearing glasses” in a song performed by Elis Regina written by her ex-husband, the late Zé Rodrix.

Lizzie has worked  as a singer, photographer, and in musical production with great names in Brazilian popular music, such as Milton Nascimento, Egberto Gismonti, Joyce, Naná Vasconcelos, Toninho Horta, and Zé Ramalho -  among others. Nevertheless, perhaps her biggest accomplishment was sharing a microphone with John Lennon and Paul McCartney in the recording session of “Across the Universe” when she was 16 years old at the legendary EMI Studios in Abbey Road in February of 1968.

Due to this great achievement, over the years Lizzie has become highly respected and acknowledged by Beatle fans in Brazil and worldwide.  Her name is mentioned in several books about the band.

Basically, everything started when Lizzie was 15 years old and already a huge Beatle fan. She asked her parents for a trip to England as a birthday gift. She went to London, where she remained for a long period (from 1967 to late 1969). From her arrival in London, in February 1967, she used to go every single day to Abbey Road to see the Fab4 going in and out of the Studios along with a group of fans that used to be there on a daily basis. In 1967, it was quite possible to see them almost every day, due to the amount of projects they were involved in, and for that reason, Lizzie got many autographs and photos, and has exclusive memories which she wrote down in a diary that is about to become a book –  with English & Portuguese versions – that will be released sometime later this year.

 But what has all that to do with River Phoenix after all?

Lizzie was one of the few Brazilians who had the chance to meet River Phoenix in the early 90s. That was possible because while living in NY, she was an assistant to Milton Nascimento’s manager and was Milton's representative in the U.S. Milton is Lizzie’s close friend, he was even best man at her wedding to Zé Rodrix. She was present the very 1st time River and Milton met, back in July 1990 in Atlanta (USA), she was also present at other meetings they had in the following years in Los Angeles and Rio de Janeiro, and she had the privilege of attending and taking pictures at an Aleka’s Attic concert in New York.

Lizzie has never shared these stories before.  She has the fondest memories of River and his family and the times they spent together. She kindly accepted our request to share them with us, which left us immensely grateful and excited. After all, to have access to brand new  - and fun - stories about River Phoenix almost 20 years after his passing, is truly a gift for all of us, fans of this remarkable artist.

So, enjoy this emotional report from our dear Lizzie Bravo.

Aline Sodré

 

Meeting River and his family - by Brazilian Lizzie Bravo


Way back in 1990, when I lived in New York (from 1984 to 1994), on a regular workday at my home-office in the East Village, I was told by our main office in Belo Horizonte, Brazil, to get in touch with Heart Phoenix. At the time, I represented Brazilian singer/songwriter/ superstar Milton Nascimento and was an assistant to his manager.

They wanted to meet Milton, after hearing the beautiful song he had written for River (he saw "Stand by Me" - Milton is a major movie fan - and was very impressed with the young actor's performance).  We communicated via phone and fax to try to find a date that would be suitable for everyone.  River was filming, Milton was on a US tour.

It was finally decided it would be in Atlanta.  The day of the concert was July 7th,1990, the place was Piedmont Park and the event the Atlanta Jazz Series.  The crowd was of approximately 10.000 people.

Heart drove, with River sleeping in the back seat.  His girlfriend was also with them.  When they arrived, we met outside the hotel, the Wyndham, on Peachtree Avenue or Street.  This photo of the 4 of us is from that moment - River looks definitely sleepy!

When we headed back to the hotel entrance, River asked his mother for some money.  It was a really small amount, something like US$5.00.  She asked him didn't he want some more and he said that was enough.  I thought that was so cute: an internationally acclaimed actor, yet he still acted like a little boy beside his mother!

It was still daylight when the concert started and River, his girlfriend - if I'm not mistaken her name was Susan - Heart and I sat on the grass right in front of the stage, at a fenced-in spot for guests.  I have beautiful photos of them from this moment.  River in awe as he listened to his song...

After the concert, River invited us out to dinner - the three of them, Milton and I.  We went to a restaurant that I can't remember if it was Thai or from what other country, but the table was round and there was this thin bread covering it, and some small bowls with different foods.  You were supposed to tear up pieces of the bread and fill them with the food - all with your hands!  I had never been to a restaurant like that, it was quite interesting.

We all hit it off right from the start, we talked a lot, it was great.  After dinner we went to Milton's suite at the hotel, where he and River played the guitar.  At some point, Milton couldn't control himself and told them about me singing with The Beatles.  That was it!  Try telling a hippie family that someone has met the band?  River asked me several questions and I told them the whole story, with details. Their jaws dropped!

I mailed River some photos I took of The Beatles, and apparently he loved them.

(It's no joke, I've spent a long time looking for my 1990 diary and I found EVERY other one but that!)

On April 10, 1991, River left a ticket for me to see Aleka's Attic at Wetlands in New York City.  I went, took some photos - had to endure the funny looks by River's young fans who didn't understand what an older woman was doing there so close to the stage taking pictures - and after the show River took me to a table at the back and asked me several questions.  He wanted to know what I thought of the concert, the sound, everything.

I met Heart and other family members once again when Milton played a concert in Gainsville, on November 22, 1992.  River was out of town.

Another meeting was at a Milton concert in Los Angeles.  I am not sure, but it could have been right after the Wetlands gig, in April 1991.  I took many photos.

The last time I saw River was here in Rio, at Milton's house, around June 1992.  Heart prepared a vegetarian feast and my brother and I were invited.  It was a lovely evening, good food and conversation.  River took me by the hand and led me upstairs, where he placed the earphones of his Walkman on my ears and played a new song of his for me to listen and give my opinion.  Unfortunately, I can't remember the song's name.  I was flattered that he wanted to show me the song and hear my opinion.

I also met Heart here in Rio at Eco 92.  I came from New York as an interpreter for The Beach Boys.

What I remember about River is him being a very beautiful, caring, sweet and kind young man. It was a privilege to meet this very special family. His death was a shock and a huge sadness, which remains until today when I think of him. 

When I find my diary, I will read it and see if there's anything else to tell, something I have forgotten.  

And as for the rest of the photos, when my book is done I will have time to look for them and share them with you.

My love to everyone and let's celebrate the enlightened human being that was River Jude Phoenix!


sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Produtora agradece aos doadores que ajudaram a financiar 'Dark Blood'

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Mensagem de agradecimento enviada aos doadores que contribuiram com o financiamento de Dark Blood pela produtora da Sluizer Films


Em 17 de agosto de 2012

Caros Doadores,

Primeiro de tudo, agradecemos a todos vocês por seu apoio e participação em nossos esforços de financiamento. 

Nós recebemos doações de todo o mundo e isso foi muito emocionante.

As recompensas serão encaminhadas para vocês a partir de outubro de 2012.

George Sluizer trabalhou duro nos últimos meses na edição, no projeto de som e na música.
Apesar de sua doença e da idade, ele mostrou força e poder para cumprir o seu trabalho, em primeiro lugar, como o diretor de Dark Blood e como produtor da pós-produção da Sluizer Films.
 
Duas semanas atrás, depois de 20 anos, o filme "inacabado" foi concluído e estamos muito entusiasmados com o resultado final.

A Sluizer Films está agora tentando encontrar um bom distribuidor para um possível lançamento. Até encontrarmos uma distribuidora não podemos exibir o filme.

Em 27 de setembro teremos uma única exibição como convidado especial no Festival de Cinema Holandês em Utrecht.

Mais uma vez, muito obrigado por todo o apoio.

Calorosamente,
Sluizer Films BV
Anouk Sluizer


terça-feira, 14 de agosto de 2012

River Phoenix entrevista Gus Van Sant: "Meu diretor e eu" [Parte 4]

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River Phoenix entrevista Gus Van Sant: "Meu diretor e eu"- Interview/91


PARTE 4 - FINAL


RP: Como você se sente sobre o sexo no cinema hoje?

GVS: Eu não vejo porque isso é um problema, porque há um monte de morte, então ...

RP: Por que o sexo ser classificado como algo tão extremo como a morte, ou algo tão negativo?

GVS: Bem, deve ser mais positivo. Mas é o mistério. Sabe, os homens ficam constrangidos pelo sexo porque eles não entendem isso. Eles podem vir a enfrentar a morte e usá-la como um ícone. E eles podem usar o amor como um ícone, ou mesmo o sexo, mas o envolvimento real daquele momento íntimo - o momento sexual - é de alguma forma constrangedor, porque talvez não entendemos o que seja isso.

RP: Então, o que você faz sobre isso?

GVS: Bem, nos meus filmes eu tento estar consciente de que as pessoas não entendem isso. E eu apenas tento caminhar nessa direção e dizer: 'Bem, isto é isto'. Mas mesmo quando fizemos a nossa cena - sabe, quando você está no meio de tudo - foi difícil de fazer.

RP: Bem, quando se tratava disso, estávamos apenas fazendo isso. Nós estávamos, tipo ...

GVS: Você está só tentando, tipo ...

RP:  Foder.

GVS: Apenas fazê-lo do ponto de vista dos parceiros envolvidos em relações sexuais. Essa é a maneira de contornar isso. E você pode chegar lá e fazer a câmera ser não um voyeur, mas um participante, às vezes você pode sair com um pouco mais. Mas é ainda um problema por causa das nossas próprias percepções do sexo. Quer dizer, eu fico envergonhado com certas coisas. Ser "bad" é parte disso, embora isso não tenha que ser assim, e acho que outras culturas sabem disso. Mas nossa cultura é consideravelmente tensa.






Em um restaurante do aeroporto

RP: O que mais? Vamos falar de favoritos.

GVS: Yeah. O que significa isso?

RP: Qual é o seu carro favorito?

GVS: Meu carro favorito? Bem, eu tenho um BMW 528E
1982. E, geralmente, o carro que eu tenho é o meu carro favorito. [risos]

RP: Qual o seu feriado favorito do ano?

GVS: Provavelmente o Halloween.

RP: Qual é a sua marca preferida de café?

GVS: Eu costumo comprar Medaglia d'Oro espresso.


RP: A razão por que eu estou perguntando seus favoritos é por que eu não tenho nenhum. Eu estou sempre dividido na decisão. Mas é tão legal ser capaz de ouvir as pessoas fazerem isso, e você é o tipo de cara que pode muito bem dizer: 'Este é o meu favorito." Qual é o seu artista pop favorito?

GVS: Eu acho que teria que ser Warhol. Ele era uma espécie de [Frank] Capra do movimento de arte pop. Com o projeto de Warhol que eu estou trabalhando, eu estou tentando fazer uma correlação entre o começo de
Warhol de 1950 a 1960 e depois intercalando com o Warhol posterior do anos 80 -  e suas relações com os artistas mais jovens, como Jean-Michel Basquiat e Keith Haring. Percebi que você se parece muito com Warhol quando ele tinha, digamos, de 18 a 25 anos. Seria um trecho, mas você conseguiria ter sucesso interpretando o Warhol jovem.

RP: Qual é sua cor favorita?

GVS: Verde. É o meu nome do meio.

RP: Qual é a sua cidade favorita na América?

GVS: Portland.


RP: Você tem uma relação favorita que você teve. Sexual? Você não tem que mencionar nomes.

GVS: Se eu tenho uma favorita? Yeah. A primeira foi a favorita. Mas nem sempre, na verdade.

RP: Quantos anos você tinha?

GVS: Trinta e dois.

RP: Essa foi sua primeira vez?

GVS: Não foi minha primeira relação sexual. Foi a primeira que foi realmente, tipo...

 
RP: Que você amou?

GVS: Veja, eu trabalhei todos aqueles outros anos, então eu tinha que agarrar isso.

RP: Uau, uau. Qual é o seu ano favorito?

GVS: Eu não sei. Provavelmente o ano passado.


RP:  1990 é o meu ano favorito também, o que apenas significa que ele foi coerente e decente, e OK. Qual é a sua palavra favorita?

GVS: Minha favorita o quê?

RP: Palavra. Foneticamente falando. Oh, eu sei que você tem uma.

GVS: [pausa] Deus, eu não consigo pensar em uma.

RP: Como 'carrossel' ou 'irregular'?


GVS: Eu gosto de palavras em italiano porque são engraçadas. Nós estávamos na Itália, e um grande caminhão passou por nós, e ele se chamava - era uma marca - Bindi. B-i-n-d-i. Bindi. E isso era o mesmo que chamar chocolates de Hershey. Em vez de dizer 'Hershey', eles dizem 'Bindi."

RP: [Risos] Qual é a sua sobremesa favorita?

GVS: Hum, eu não tenho uma. Bolo de chocolate.

RP: Qual é o seu favorito ...

GVS: Isso é tudo. Vamos parar.

RP: Só mais uma. Quem é o seu entrevistador favorito?

GVS: River Phoenix.

RP: Ah, isso é uma boa resposta.



Fonte: Interview Magazine, em março de 1991 

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

River Phoenix entrevista Gus Van Sant: "Meu diretor e eu" [Parte 3]

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River Phoenix entrevista Gus Van Sant: "Meu diretor e eu"- Interview/91 


PARTE 3

Em uma van viajando para o local

RP: Eu tive um jantar tailandês no outro dia com algumas mulheres sobre esta filmagem. Neste filme, eu estive ao redor de um monte de meninos, mas pra variar eu gosto de estar com e ouvir as mulheres falarem sobre o que elas fazem. E eu comentei com você depois: "Bem, eu tenho uma fofoca sobre uma fofoca para você. E, sem mencionar nomes, mas essas duas pessoas estão tentando entender você.' E sua resposta foi: 'O quê? Sexualmente?' E essa era a primeira coisa. Mas, mais, eu acho, intelectualmente. Ou qual era o seu...

 
GVS: O que me faz prosseguir?

RP: Sim. Tentando descobrir o mistério Van Sant.

GVS: Isso é um mistério, no entanto? Veja, eu não tenho noção de que seja...

RP:  Eu sei, eu sei. Comigo ... eu sou da mesma maneira. Quer dizer ... hum, você apenas vive. Estamos todos apenas, tipo, vivendo, saindo, fazendo a nossa coisa.
 

GVS: Mas eu estou fascinado com o que elas disseram.

RP: Eu também. Foi totaltamente como um clichê.

GVS: Você pode dizer isso sobre este filme aqui.

RP: Oh, sim. Tudo retorna ao filme. Você mesmo disse: 'O que é Gus fazendo isso?' Te incomoda quando as pessoas tentam entender você?

GVS: Não, de todo, porque eu gostaria de me entender, na verdade.

RP: Sim, assim como eu gostaria de entender a mim mesmo. Então, se elas podem me dar uma pista, eu estou sempre interessado em ouvir.

GVS: Certo. Sim, eu estou praticamente no escuro sobre mim - Eu não fiz nenhuma psicoterapia. Eu não sei se isso iria ajudar. Eu não acho que há muito a ser descoberto. Eu acho que uma coisa sobre mim é que eu trabalhei muito duro desde que eu tinha doze anos, e eu não sei exatamente
por que. nas minhas próprias coisas, sabe, o que inicialmente foi a pintura.

RP: Você começou quando tinha 12 anos?

GVS: Yeah. Por um tempo durante a adolescência eu mergulhei no meu trabalho. Antes disso, eu era praticamente como um menino normal da
vizinhança. Então o meu próprio trabalho se tornou muito importante, mas é impossível descobrir que tipo de arte é que eu faço, porque isso progrediu. Você teria que acompanhar a progressão e dizer, 'Bem, ele fez esta peça porque isso aconteceu com ele."

RP: Certo. Mas eu estou surpreso com a arrogância exibida por pessoas que tentam entender você olhando para um pedaço de seu trabalho.

GVS: Bem, talvez haja pessoas no negócio que nunca escreveram ou dirigiram antes, então talvez seja mais fácil interpretar seu trabalho. Há uma coisa que alguém estava falando sobre isso, um diretor com quem tinha trabalhado - é uma fofoca, na verdade, - e que eles estavam dizendo, 'Ele ficou obcecado com esta atriz. Ele trabalhava durante dez horas apenas iluminando essa filmagem em que ela cruzava a porta.' Era como se fosse esse tipo de obsessão.

RP: Isso foi verdade. Eu ouvi sobre isso também.


GVS: Eu acho que é muito legal. Quer dizer, eu posso me tornar obcecado com alguma coisa, sabe. Até agora isso não aconteceu no meu trabalho, mas acho que isso poderia acontecer. Eu tendo a ser muito profissional dessa forma e me surpreendo se há qualquer suspeita desse tipo de coisa. É como as portas se fechando.




 

RP: Certo. Como você se sente sobre a maneira como as mulheres são retratadas no cinema atual?

GVS: É difícil para elas se reconhecerem, na verdade. Elas não são realmente retratadas em nada além de em um mundo de homens.

RP: Como você se sente sobre isso? Porque neste filme você tem esse personagem, Carmella, que é uma espécie de clichê feminino.

GVS: Sim, ela é um desses [clichês].

RP: Mas então você quer fazer Even Cowgirls Get the Blues, que vem a ser um dos primeiros livros ...

GVS: Traçando a noção de um herói do sexo feminino.


 RP: Certo, então você está fazendo isso, então equilibra isso. Algumas pessoas não saberão que você está fazendo isso quando assistir este filme e eu acho que não é nada demais, só que eu tenho tido uma espécie de curiosidade sobre mim mesmo. Não consigo imaginar ser atriz hoje. Se eu fosse uma mulher, eu não seria quem eu sou agora. Eu não teria tido a chance de crescer a este ponto. É um caminho realmente difícil para alguém chegar a ser como Sissy Spacek ou Meryl Streep.

GVS: Na maioria das vezes, [um filme] é de um ponto de vista do homem. Sabe, as personagens femininas são unidimensionais, objetos sexuais e pedaços de propriedade, e isso é o que Carmella é, porque ela é vista do ponto de vista dos personagens masculinos do filme. É como se ela fosse uma bonita peça de carne, sabe? Tipo, é muito inocente e vivendo o primeiro-amor, mas isso realmente não mostra o lado Carmella da história. Em Cowgirls, porém, você realmente não fica neste ângulo do objeto sexual, embora, ao mesmo tempo possa ter a sensação de que o escritor está vivendo em uma fantasia no terreno do objeto sexual. É uma espécie de outro mundo, uma cidade de mulheres. Então, ele tem a qualidade que não limpar isso completamente do ponto de vista do tipo da feminista que poderia pensar que homens mortos não estupram. Mas todo o projeto é um filme de grandes mulheres. É uma chance de fazer o remake final de The Women, o que é um belo filme de Cukor dos anos 1930. 

Continua...
 

Fonte: Interview Magazine, em março de 1991
 

sábado, 4 de agosto de 2012

River Phoenix entrevista Gus Van Sant: "Meu diretor e eu" [Parte 2]

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River Phoenix entrevista Gus Van Sant: "Meu diretor e eu"- Interview/91 


PARTE 2

River Phoenix: Todas essas mudas para diferentes projetos que você tem - Even Cowgirls Get the Blues, o filme de Andy Warhol - estão começando a crescer. Isso é realmente emocionante para você?

Gus Van Sant: Sim, eles são inspiradores, eles são, como, minhas histórias favoritas. My Own Private Idaho pode ser a única das minhas histórias pessoais que eu  poderia contar, embora, naturalmente, eu tenha um punhado de Shakespeare no meio dela. É a capacidade de, na verdade, fazer alguma coisa sobre essas coisas agora que é inacreditável. Eu estava exatamente dizendo a Tom [Robbins] ontem à noite que a primeira vez que o encontrei foi em uma noite de autógrafos em 1984, e eu estava em uma longa fila de pessoas com Walt Curtis, que escreveu Mala Noche, e nós éramos somente fãs. E Tom estava autografando livros e você esperava que ele fosse escrever, tipo "Para Gus. Felicidades, Tom '. Eu era um cineasta, e eu realmente queria filmar Even Cowgirls Get the Blues. Eu tinha feito um curta-metragem de uma história de William Burroughs, mas eu não tinha influência ou poder, ou qualquer dinheiro. Eu provavelmente conseguia, em média, tipo US $ 100 por semana fazendo uma coisa ou outra, e então eu estava sem dinheiro e sem carteira. Mas eu disse para Tom: "Se algum dia eu conseguir o dinheiro, eu quero voltar para você e fazer o filme. 'Ele disse, 'Isso parece bom ", e autografou o livro. Achei que isso nunca iria acontecer, mas eu poderia muito bem dizer isso. Portanto, agora é um prazer poder ter o tipo de apoio para fazer coisas de sonho como aquele.

RP: Você estava interessado em cinema na Escola de Arte?

GVS: Sim, me formei em cinema. Eu mudei de pintura após meu primeiro ano, porque eu pensei que talvez uma carreira na indústria cinematográfica fosse uma carreira mais endinheirada do que a de um pintor.

RP: [risos] Uma suposição segura.

GVS: Foi uma segurança de proteção. Mas, também, os filmes eram mais complicados, e eu praticamente dominava - pelo menos na minha opinião - a pintura. Mas fazer cinema era um grande mistério, e eu pensava que para chegar a qualquer lugar no negócio eu teria que trabalhar muito duramente e esquecer a pintura por um tempo. E foi isso que eu escolhi fazer.

RP: Será que alguns de seus quadros - em especial os mais recentes - conceitualmente influenciaram Idaho?

GVS: Sim, porque você sabe que aqueles pinturas são de Idaho. O deserto de Idaho, é isso que eu estou pintando. As montanhas Sawtooth e uma estrada que leva a uma casa que às vezes voa no ar e cai sobre a terra. Então, de certa forma, a história de My Own Private Idaho é a versão cinematográfica das pinturas. Porque as pinturas são sobre a casa, e elas são sobre o amor, eu acho. E elas são sobre relacionamentos e tumultos. Algo a ver com a minha educação em uma família de classe média. E esta é, como em geral, em forma de caixa, de telhados vermelhos, uma casa branca de US $ 17.000 se quebrando em uma estrada. E uma estrada simboliza a jornada da vida, e o horizonte é o futuro.

RP: É depois que você articula e identifica as imagens como símbolo? Ou é algo em que você pensa antes?

GVS: Não, eu acho que é algo que eu percebo após o fato. Eu era obcecado com a casa da minha família e onde morávamos quando eu tinha cerca de seis anos, que era no Colorado. Porque eu acho que é onde eu primeiro vivi, sabe? Esse é o meu conceito de casa. Em seguida, nos mudamos, e eu provavelmente não gostei de me mudar. Então a casa quebrando na estrada é como a minha destruição daquela casa que eu sinto falta. Mas quando eu pintei as pinturas, eu nunca pensei, 'Oh, eu perdi a minha infância, e agora estou mostrando como que a infância foi destruída em 10 milhões de bits "- embora eu possa interpretá-las dessa forma e, depois, ser uma espécie de surpresa .

RP: Isso está chegando muito perto da casa.
 

GVS: Mas a estrada também - houve uma série de viagens. Minha família mudou-se muito, cerca de cinco ou seis vezes, quando eu era criança. Assim, a estrada simboliza a viagem de ida e volta em todo o país: do Colorado a Illinois, a San Francisco, a Connecticut, ao Oregon.

RP: Por que você se mudava tanto?

GVS: Meu pai estava se tornando empresário...

RP: A escada do sucesso?

GVS: Isso. E ele conseguiu se tornar presidente.

RP: Presidente do quê?
 

GVS: Da 'McGregor Doniger Roupas Esportivas'.

RP: Ótimo!

GVS: E realmente aquela coisa amarela que você usa é um McGregor. Isso é muito simbólico, na verdade, mas não foi planejado dessa maneira. As jaquetas
McGregor  eram muito populares na década de 1950 - eu deveria mostrar isso no filme. Ontem você estava deitado dentro de um saco de dormir White Stag  e meu pai foi o presidente da White Stag. É por isso que nos mudamos para o Oregon. Ele mudou a sua presidência da McGregor para White Stag.

RP: Uau. Então, o que é seu pai está fazendo agora?
 

GVS: Ele está no negócio da moda - ele tem uma empresa de roupas femininas chamada Intuition.

RP: Mas ele também faz a sua contabilidade, certo?

GVS: Sim.

RP: Devemos apagar isso?

GVS: Não, não. Você pode me perguntar qualquer coisa.
 
 .
Continua...
 

Fonte: Interview Magazine, em março de 1991