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domingo, 22 de maio de 2011

"Celebridade em Destaque: River Phoenix": Rock Hard Times, 1991

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Celebridade em Destaque: River Phoenix


No lugar em que alguns atores só podem fingir aquela intensidade que queima quando faz um personagem na tela grande, River Phoenix transpira isso. Desde sua estréia no cinema em 1985, em Viagem ao Mundo dos Sonhos, a estrela de Phoenix tem aumentado rapidamente. Os papéis posteriores em Stand By Me, Indiana Jones e a Última Cruzada, e A Costa do Mosquito fixaram sua reputação como o tipo de artista que tinha um futuro, além de uma cara bonita.

Apropriadamente, o primeiro ato de sua carreira chegou ao fim com o seu aparecimento em O Peso de Um Passado, de 1989, como o filho de radicais dos anos 60 em fuga, quando Phoenix aos 19 anos de idade recebeu uma indicação ao Oscar. Agora, na idade madura de 21, sua carreira no cinema de apenas seis anos, o segundo ato do ator está apenas começando.

Embora ele esteja na posição invejável de ter ganhado a liberdade de escolher aquilo que quer fazer, longe das câmeras Phoenix é um tipo anti-Hollywood, como eles apresentam. Ele vive com seus pais, um irmão e duas irmãs em Gainesville, Flórida, e só mostra o rosto em Hollywood quando isso está ligado a uma boa causa, como a PETA - o grupo de direitos dos animais, que patrocinou a compilação do LP em que Phoenix e sua banda Aleka's Attic apareceram nesta primavera. A banda, que inclui a irmã mais nova de Phoenix, Rainbow, agora está em estúdio preparando demos para seu primeiro álbum.

O gosto de Phoenix para enfrentar novos desafios é refletido em seu próximo filme, My Own Private Idaho, do diretor Gus Van Sant (Drugstore Cowboy), em que Phoenix (junto com o amigo Keanu Reeves) desempenha o papel corajoso de um prostituto perdido nas ruas e na busca de sua mãe - já agora, a palavra que corre sobre o seu desempenho é brilhante. Mas Phoenix não deixa esas coisas subirem à sua cabeça. Ainda mais adolescente do que "ator sério", Phoenix gosta de brincadeiras sobre sua celebridade, se irrita diante de perguntas sobre sua fama, e manteve-se totalmente humilde, de fala macia e nada afetado.


HRT: Quando as pessoas chegam para ver a sua banda, Aleka's Attic, não te incomoda ter um público de pessoas que vêm para ver sua banda por causa de sua reputação como ator?

PHOENIX: É difícil porque eu não quero que haja qualquer preconceito sobre a música baseado em quem eu sou como um ator. É um mau agouro enorme em todos nós na banda, e isso realmente dói. Eu estava debatendo sobre se devo ou não simplesmente mudar meu nome para a banda. Ainda que isso tenha nos ajudado a entrar em clubes em primeiro lugar, eu não acho que nenhum dos clubes nos levou de volta por causa disso. Quando você vê o nosso show, eu acho que as pessoas percebem que é apenas uma banda boa tocando boa música.

HRT: Você acha que My Own Private Idaho será percebido como chocante?

PHOENIX: Passei algumas horas nas ruas de Portland (onde o filme foi filmado), no horário entre às 20h e 04h pesquisando o papel junto com prostitutos do sexo masculino. Foi muito deprimente. Ele não parece tão chocante para mim, realmente. Eu acho que se fosse sobre prostituição feminina não seria tão chocante. A sociedade aceita isso. O filme vira o jogo com o público nesse sentido, mas tudo volta à mesma coisa, à humanidade. O homem é o cliente, o consumidor, o explorador ... é decadente por aí, cara.

HRT: O sucesso mudou a maneira que você programa a sua carreira ou sua vida pessoal?

PHOENIX: A fama não afeta as minhas relações com muita gente porque eu tenho minha cabeça no lugar, mas existe algum tipo de tom que tem um efeito estranho quando você está tentando caminhar pela vida - não estou interessado em ver "a mídia" manifestar-se sobre minha vida. Eu nem gosto de chamar a atuação de uma carreira. Eu prefiro pensar nisso como um projeto, ou então eu ia começar a me preocupar com coisas como o dinheiro. Nós gostamos de contribuir para as causas, as pessoas e o mundo ao nosso redor. Apenas uma forma de partilhar de tudo, é isso que é importante.


Fonte: Hard Rock Times, em 1991

6 comentários:

  1. As entrevistas feitas depois de "My Own Private Idaho" são especialmente importantes porque revelam que, ao contrário do que muitos pensam, River não se tornou um "viciado incapaz de seguir adiante" depois deste filme. Pelo contrário, ele manteve-se o mesmo garoto que queria ajudar a fazer um mundo melhor e acreditava no futuro.

    Ainda que este filme o tenha afetado profundamente, talvez até levando-o à depressão do qual não conseguiu se livrar, certamente não o tornou auto-destrutivo, junkie ou irresponsável como a mídia sempre tenta passar.

    Alguém que consegue elaborar e expressar seu pensamento desta forma, com certeza não está fora de seu controle. Não mesmo.

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  2. Olá Femme. Apesar de eu já ter ouvido falar no River desde há uns anos, só há pouco tempo atrás é que comecei a me interessar por ele e pelo trabalho feito por ele.
    Li o seu comentário em que disse que ele sofreu de uma depressão da qual não se conseguiu livrar. Por acaso também já li em vários sites que ele teria sofrido de depressão, no entanto nunca percebi porquê. Teve a ver com algum acontecimento passado da vida, por exemplo, de quando ele pertencia, juntamente com os pais aquela seita "Children of God"?
    cumprimentos, Alexandra

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  3. Oi, Alexandra

    Olha, eu não acredito que exista uma resposta simples para esta questão, tipo um fato concreto que ele tenha vivido, ou algo assim.

    Para mim, a extraordinária sensibilidade de River, que o levava a ser um ator tão excepcional, era a mesma que o levava a sentir a dor do mundo todo em si mesmo. E isso o atingia profunda e tragicamente, especialmente porque River foi criado acreditando que podia mudar o mundo, que isso dependia dele, o que é demais para qualquer ser humano.

    Acho que esta dor se acentuava e o atingia ainda mais quando ele encarnava um personagem sofrido (como Mike, de MOPI), e então ele tinha que lutar muito pra se livrar disso, depois.

    Samantha Mattis disse isso na sua entrevista sobre ele: "Ele pegou os problemas do mundo em seus ombros, e não conseguia livrar-se dos sombrios humores da depressão."

    Para mim, depressão de River, no fundo, está ligada à impossibilidade de salvar o mundo ou a raça humana, que já traz a destruição dentro de si mesma. Neste caso, River travava uma batalha impossível.

    Mas estas são apenas idéias que passam pela minha mente..rs.. A resposta mesmo, ninguém tem.

    Beijos.

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  4. Olá Femme.

    Acho que ninguém tem a resposta sobre as causas da sua depressão, pois creio que o próprio River nunca falou abertamente sobre isso e por conseguinte esse tema continuará a ser sempre uma incógnita.

    Você disse que a dor acentuava quando ele encarnava uma personagem sofrida. Pois bem, eu também já li algures que as pessoas que contactavam com ele no set das filmagens apenas conheciam o verdadeiro River no final das gravações, pois ele encarnava a personagem durante o tempo todo que o tornava difícil de conhecer. Isso até me levou a pensar que esse perfeccionismo obsessivo para representar uma determinada personagem o tornasse mais depresivo, e aí talvez ele procurasse esse escape nas drogas.

    Outra coisa, eu também li que ele teria sofrido de abuso (sexual?) durante a infância, quando ele pertencia a seita "Children of God". Será verdade? Lembro-me também de ter lido que ele considerava muitos rituais praticados de "repugnantes". Eu própria cheguei a ver um video no YouTube em que o narrador referia que na seita era incentivada a prática sexual com crianças.

    Para finalizar, eu já fiz várias pesquisas aqui na internet sobre a vida de River, no entanto não encontro muito material disponível. Você sabe se existe alguma página oficial, videos(acho que os do YouTube já vi quase todos, pelo menos os que me são sugeridos já vi rsrs)ou algo parecido sobre o River?

    Beijos.
    Alexandra

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  5. Alexandra,

    Pelas suas entrevistas dá pra perceber que River era tomado por certa confusão quando encarnava um personagem, e que muitas vezes isso o fazia sofrer muito. Aliado a isso, o excesso de reponsabilidades, o peso de sustentar sua família e agregados, e o desejo de levar a vida de um menino de sua idade, realmente não devia ser nada fácil de administrar, né?

    Quanto ao material sobre a vida dele, acho que suas entrevistas dão uma boa idéia da construção de seu caminho. Já traduzi e postei várias aqui no blog, e muitas me surpreenderam com detalhes que eu desconhecia. Isso é o mais próximo de "oficial" que eu já encontrei..rs..

    E realmente, numa delas, River diz que os métodos da seita eram nojentos, e até evita dizer seu nome "para não divulgá-la". Existe outra (que não está postada aqui) em que ele diz ter perdido a virgindade aos 4 anos, mas depois desmentiu, dizendo ter sido uma piada. Como saber se é verdade? Tudo sobre River é tão surreal...

    Beijos.

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  6. O Mike é um personagem muito sofrido e o River passou isso perfeitamente. Todo esse laboratório que ele fez para compor o Mike mexeu com sua mente. Uma coisa é você saber da realidade, outra coisa é você presenciá-la, vivenciá-la ... ter contato.
    Embora o fato dele encarnar o personagem e levar pra si o sofrimento do mesmo, ao mesmo tempo é fascinante ver como ele se doa.
    A cada leitura me apaixono mais com esse garoto.

    Obrigada Femme por todo esse material que vocês disponibiliza no blog =)

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