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quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

"Muitas vezes, o mais sensível padece de uma vida dolorosa": The Animals Agenda, 1994

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Por Zoe Weil


River Phoenix, ator, músico e ativista dos direitos dos animais e do meio ambiente, morreu de overdose em 31 de outubro de 1993. Eu não conhecia River, que tinha apenas 23 anos quando morreu, mas eu lamento por ele. E eu lamento por um mundo que perdeu um talentoso jovem cujo amor e compromisso para com a Terra e seus habitantes era um modelo para todos nós.

A morte de River fere muito, não só porque foi tão trágica, mas também por causa do aviso que ela envia. River tinha um talento excepcional, o amor de uma família maravilhosa, dedicada, e amigos que compartilhavam suas crenças. Ele estava cercado por outros que amavam a Terra da mesma forma que ele e que, como ele, sentiam grande tristeza e raiva pela sua destruição. Ele não estava isolado em seus valores, nem sozinho em seu ativismo.

No entanto, apesar do amor e sucesso em sua vida, River foi compelido a tomar as drogas que o mataram. Eu não tenho a pretensão de saber por que ele tomou as drogas que tomou, mas eu imagino que ele - como outros jovens de sucesso, amados e amorosos - tentou encontrar nas drogas escape e consolo para uma vida dolorosa.

Muitos de nós, dos movimentos pelos direitos dos animais e do meio ambiente, temos amigos e conhecidos que sentiram um desespero tão terrível que eles se voltaram para as drogas para se libertar. Eles sentiram a dor infligida a outras formas de vida tão profundamente que ansiaram por alívio de sua dor. Os jovens são as mais fáceis presas deste desespero, enquanto eles lutam para definir a si mesmo e aos seus valores em um mundo que tantas vezes revela-se cruel.

A juventude merece um mundo saudável, mas eles herdarão rios e oceanos sujos, diminuição do número de espécies, aquecimento global, chuva ácida, lixo nuclear e aumento da violência. É de se admirar que os mais sensíveis entre eles - os defensores dos direitos humanos, direitos dos animais e ativistas ambientais - muitas vezes sofram mais?

Deixe River ser um farol, então, uma inspiração chamando aqueles deixados para trás para dedicar-se aos ideais pelos quais ele era admirado. Vamos nos lembrar de sua morte para continuar a trabalhar por um mundo saudável e humano, onde os jovens possam celebrar a vida e não ter que lamentar profundamente e com tanta freqüência. Deixe sua morte nos compelir a ajudar os jovens que se importam com a Terra. Deixe sua morte aumentar o nosso desejo de capacitar os jovens para curar o Planeta, ao invés de perder toda a esperança de que eles possam fazer a diferença.

River fez a diferença a cada dia de sua vida. Espero que sua morte mobilize outros para trabalhar por um mundo mais saudável, com mais compaixão, para que os jovens não se sintam levados a anestesiar-se contra uma cultura cruel demais para suportar, mas, ao contrário, sejam capazes de viver com alegria e paz e amor.


Fonte: The Animals Agenda, em jan/fev de 1994

7 comentários:

  1. Oi, Femme, tudo bom?
    Passei pra dar um sugestão de post, pode ser?
    Queria que você escrevesse sobre a influência do trabalho do River em diretores e atores de gerações posteriores. Digo isso porque vi nesta semana uma referência a ele no filme "Eu matei minha mãe". Um dos cenários, o quarto do protagonista, é adornado por um imenso poster do ator. Depois disso, vendo uma entrevista do Diretor Xavier Dolan, vi que essa referência não foi casual. Ele comentou que, dentre suas influências na produção cinematográfica, estava "My own private idaho". Na verdade, eu vi o vídeo em inglês, logo não deu pra compreender detalhadamente a conversa. Mas ele menciona o filme e, certamente, o personagem de River.
    Forte abraço.

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  2. Femme,amei essa materia! Um bj,Juh.

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  3. Eu também adorei, Juh! E acho que isso diz muito do que ele diria, se pudesse fazê-lo. Beijos!

    E, Anônimo, eu não escrevo no blog, eu apenas pesquiso, traduzo e posto as matérias ...rs... e inclusive sempre dou as fontes. Mas posso tentar achar algum artigo como este que você sugeriu, ok? Ou então fazer um post com depoimentos sobre isso. Legal sua participação. Beijo!

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  4. Entro sempre que posso aqui no blog e sempre me deparo com bons materiais, coisas raras do River.
    Muito bom poder contar com a sua dedicação Femme, a sua atitude de compartilhamento tb demonstra a afinidade evidente que tens com o River, no sentido de trocar experiências e dedicar seu tempo ao outro (neste caso nós, admiradores).
    Obrigada.

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  5. Poxa, Marcela, obrigada pelas suas palavras gentis. É muito bom compartilhar com pessoas sensíveis e inteligentes como você.

    River era uma alma tão bonita que, até hoje, enriquece e inspira quem se aproxima dele. E o que eu mais desejo com este blog é que muitos outros, como nós, tenham o privilégio de conhecê-lo e serem tocados por sua delicadeza e generosidade.

    Obrigada por estar sempre aqui.

    Beijos!

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  6. Eu tenho 16 anos, e nunca na minha vida eu quis tante ser de outra geração como eu ando querendo agora. Por que somente assim eu teria a chance de ter conhecido o River, essa pessoa tão boa e doce que foi embora tão cedo.

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  7. Concordo, temos que deixar River ser o farol, e fazer o que ele gostaria de ter feito e não deu tempo. Mas embora tenha partido cedo, fez toda a diferença, ele de fato amava seus semelhantes.

    Obrigada Femme, eu tô amando tudo isso =)

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